Especial radiohead no brasil – aberturas e encerramentos
Por: Pontos Flutuantes
Matéria do blog Pontos Flutuantes discutindo um assunto que é roda nas conversações sobre os discos do Radiohead: Qual os finais preferidos dos fãs?. Como é sabido, por quem acompanha os passos dos rapazes e sua singular discografia, suas aberturas e seu encerramentos de discos são impecáveis. Supreender ou chocar e se emocionar com um final de um trabalho da banda é quase que inevitável. A lista e sua pequena resenha é profundamente pessoal mas serve para a discussão.
Qual a melhor abertura e encerramento de um disco do Radiohead? Deixe uma mensagem!
Aberturas.
8º – Planet Telex (The Bends, 1995)
Um teclado que lembra soturnos sons de vento ergue-se do âmago do silêncio e espatifa-se em camadas de violões e guitarras na tensa abertura de The Bends (1995). Um clima perfeito para um dos discos mais sensível da banda, Thom canta entre cacos pessoais a universalidade dos instantes e somos submergidos na montagem de um disco clássico.
7º – You (Pablo Honey, 1993)
Aqui se inicia uma das grandes discografias de uma banda de rock em todos os tempos. As guitarras intensas rasgam a melodia com a voracidade juvenil de um Jonny prodigioso, que começa a tomar forma de gênio, enquanto thom grita entre labaredas indecifráveis, canção rara da banda.
6º – 15 Step ( In Rainbows, 2007)
A cada quinze passos vem o mais puto tropeço, versa Yorke em meio a guitarra jazz de Jonny e a bateria krautrock de Phil. A canção abre o já classudo In Rainbows (2007), sua urgência desequilibrada a torna uma das canções com um dos arranjos mais experimentais da discografia.
5º – Everyinthing Right Place ( Kid A, 2000)
O teclado em espiral cyborg suge dos meandros dos sonhos mais vertiginosos de Thom Yorke, com mágicos seqüenciadores, ouvimos um delírio urbano numa desolação fria, que impregnaa a inconsciência; como seres alienígenas inclassificáveis,numa das grandes canções dos anos 00.
4º - Bloom (The King Of limbs, 2011)
O free jazz transfigurado em krautrokces alienígenas com tons de paisagens verdejantes numa selva urbana (sim um delírio como no filme, 8 1/2 do Fellini) é a pele da soberba abertura de The King Of Limbs (2011) Yorke canta o florescer das folhas, da paisagens, ao mesmo tempo que canta de um sonho, enquanto Phil e Colin parecem possuídos por estranhas raízes entorpecentes, numa das canções mais poderosas da discografia.
3º 2+2= 5 (Hail To The Thief, 2003)
O mundo é 2+ 2=5. A volta dos cabeças de radio ao planeta (depois de adentrar as dimensões desconhecidas em Kid A/Amensiac) é também a volta à uma sonoridade próxima do rock (sob a batuta do Radiohead) e nesse sentido, no plugar da guitarra que transforma-se num redemoinho de dedilhados que devasta a melodia, yorke ergue-se até a estátua da liberdade e vomita nela uma voraz poesia, clássico absoluto.
2º – Airbag (Ok Computer, 1997)
Para salvar o universo basta sentir de novo. A monstruosa abertura de um dos maiores disco já criados, sim o Ok Computer (1997) delimita o nível astronômico de delírio poético num estruturalismo que virou padrão nas gerações posteriores. Aqui o Radiohead executa uma das maiores viagens sonoras que o rock já foi testemunha, uma opera dentro do desencantando mundo que foi a década de 90.
1º – Packt Like Sardines In A Crushed Tin Box (Amnesiac, 2001)
A desconstrução iniciada em OKC torna-se visceral na irreconhecível abertura de Amnesiac (2001). Um dos discos mais odiados por fãs, é uma afronta áspera, por vezes insuportável, e no seu percurso, nos sentimos sufocados pela intensa base de efeitos, guitarras saídas de um colapso do inconsciente entrelaçando-se com a esquizofrênica voz de Thom, como um personagem saído do livro de Kafka. Perdido, confuso, solitário em seu desespero, vendo a vida passar num piscar de olhos, o caleidoscópio sonoro dessa canção é uma das mais desestruturantes, desconcertantes e surpreendentes aberturas de uma banda de rock desde sempre.
Encerramentos.
8º – A Wolf the door ( Hail To The Thief, 2003)
Com uma verborrágica conclusão agonizantes, os Radiohead encerram lindamente o seu sexto disco – Hail to the Thief (2003). A sensação é de urgência, de clamor, desencanto frenta a realidade do planeta capitalizado e um desespero contido. O lobo está à porta para levar nossas crianças, assim como fez com nossa sociedade robotizada de seus sentimentos, nós, espelhos de uma sociedade em declínio, tudo na poética de Thom Yorke.
7º - Blow out (Pablo Honey, 1993)
A poesia final de Blow Out é enigmática, sensível mas também áspera com sutileza. As guitarras finais é um dos grandes momento de Jonny e Ed na discografia. Sua ambiência já apontava rumos que viriam a ser explorados mais a fundo depois. Uma canção à altura das belas canções da banda num disco sincero.
6º – Videotape (In Rainbows, 2007)
Memórias gravadas numa fita de vídeo e reencontradas tempos depois causam lágrimas sublimes e deixam oca quando a saudade arranha a alma. Essa poesia é cantada de forma vulnerável por Thom Yorke ao piano. Phil marca os compassos de um VHs mórbido, que aos poucos vai morrendo, enquanto adormecemos possuídos por formas diversas de saudades, encanto, e beleza.
5º Life glasshouse (Amnesiac, 2001)
Uma das canções mais intrigantes e herméticas da discografia encerra um disco soberbo. O piano tocado por Jonny Greenwood ressoa lentamente enquanto uma sinistra orquestra ensurdece um Thom raivoso, parecido saído de uma sessão de tortura psicológica sob a redeas desencantada do mundo. O canto intenso dos metais em devaneios, metáfora, vivemos numa casa de vidro, o mundo. Clássico.
4º - Separator (The King Of Limbs, 2011)
Viver um sonho bom é algo caro ao ser humano. A perda muitas das vezes é irreparável, sofuca e machuca. O mundo há tempos deixou de ser um lugar de encanto que por ventura poderia se achar. A realidade é que estamos nos tornando cada vez mais nocivos com o outro, com nós mesmo, com o planeta. A arte desbota e encontra sentido que perde-se e acha-se em meio a rotina do dia. Nesse sentido, erguer um sonho dentro de uma canção e vive-la ali, intensamente, como se um último suspiro fosse é a tônica de Separator. Canção filha das canções mais sensíveis da discografia. Yorke quase que solfeja em tons úmidos, neblinas de sonhos saem de sua voz comedida até implorar que o acorde. Acorde da nossa realidade. É nesse sentido que separator torna-se um clássico imediato. quanto atestamos ali, sua dimensão, cara, sofrida, onírica, profundamente humana, de viver aquilo que se perdeu como se realidade fosse, passando a ser dentro de uma… poesia.
3º – The Tourist (Ok Computer, 1997)
Se a urgência de uma explosão cósmica revestida de uma renascimento existencial deu a torna na abertura do mitológico Ok Computer, The Tourist é o blues andrógino, cheio de sentimento e calmaria necessária para a reflexão sobre a nossa era. Yorke pede calma, para que devagar (contraste do veloz mundo em que vivemos), para podemos sentir as coisas em sua verdade, sem a efemeridade de um cotidiano banalizado de sensações sobrepostas e pouco profundas na experiência espiritual. A canção, peça rara, vai se esculpindo, em êxtase, perfeita e intocável…atemporal.
2º . Street Spirit (The Bends, 1995)
A poesia ainda é capaz de nos consumir, nos levar até as extremidades. E essa poesia é uma das razões sonoras de turma de Thom Yorke & Cia. Essa canção é uma das mais belas já escritas, mergulhamos nossa alma nos instantes onde a razão de ser só é sentido com amor. Os dedilhados são pequenos afagos em nossos corações quebradiços, choramos o encontro com nós mesmo e com a vida. Clássico absoluto.
1º – Motion Picture Sundtrack (Kid A, 2000)
O desalento é sentido em seu grau mais intrínseco nessa peça que decola rumo as imensidões, aos desertos a…outra vida. Thom em transe, num grave lagrimejante, sussurra poucas palavras, se machuca nas pequenos confissões, desiste do encanto de ser. ilusórias harpas e uma orquestração invisível são as asas, de uma banda que nunca mais foi a mesma que muitos esperavam depois desse disco, mas foi a a partir daí, mais do que nunca, si mesma e por isso, histórica.
Feliz 22 de Março