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Entrevista com Thom Yorke e o futuro do Atoms For Peace

 

Dia 09 próximo Thom Yorke levará o Atoms For Peace para o México, nesse processo o musico deu uma extensa e fantástica entrevista ao Periódico Sopitas.com, onde falou da tuor pelas américas, Radiohead e o futuro de cada um dos membros do Atoms. Ainda sobre a entrevista, destacamos Thom relevando que ainda tem muitos anos com o Radiohead, assim como Flea com o Red Hot Chili Peppers. Além disso, o fato de Thom não está disposta a abrir mão do Radiohead em suas palavras. Uma felicidade para o fã da banda ler isso.

 

Entrevista completa em Espanhol

Thom Yorke fala sobre os planos do Radiohead para Daniel Craig

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Sim, o 007 ou melhor o ator Daniel Craig entrevistou Mr Thom Yorke para a edição de agosto da revista Interview Magazine que por sinal tem o próprio Yorke na capa. Craig questinou Thom sobre a escolha por palcos pequenos para a Tour do Atoms For peace, Thom responder “Não sei se parece natural. Quero dizer, basicamente, é uma das coisas que eu não tenho ideia de para onde vai – além da decisão de fazer isso. Mas você não pode considerar nada garantido – e estou contente de não ter considerado nada garantido porque é como ter um novo rosto e continuar achando que as pessoas vão te reconhecer”.

 

Claro que um dos assuntos seria o Radiohead e o futuro da banda. Craig  disse ser fã e Thom afimou que gostaria muito de ter um plano para o futuro mas que sobretudo a idéia de parar foi de Ed O’Brien.

 

“Deus, eu gostaria que eu tivesse um plano (risos). O único plano que nós tivemos recentemente foi tirar um ano de folga, o que atualmente era uma coisa que o Ed O’Brian queria. O Ed queria ir viver em algum outro lugar e desligar.”

 

Por sinal todos na banda estão tocando seus projetos, destaque para Phil Selway que já está no processo de gravação do sucessor de Familial, seu primeiro disco lançado em 2009.

 

Como já esperado, não existe a possibilidade de  fim do Radiohead, como foi polemizado meses atrás e sim um tempo que a banda resolveu se dar nesse ano de 2013. Por sinal, Thom anda em plena turnê com seu projeto paralelo – Atoms For Peace – E ao lado de Nigel Godrich, engenheiro de som de longa data do Radiohead.

 

“Alguma coisa assim, isso. Algo como: ‘Ei, que tal tirarmos 12 meses onde não temos que nos comprometer em fazer nada mesmo?’ – O que é uma perspective interessante.”

 

Ainda teremos que esperar mais um pouco até os Radiohead entrarem em estúdio e trabalharem o nono disco, até lá, o Atoms For Peace nos chama a atenção pela genialidade do Thom Yorke.

Thom Yorke e Nigel Godrich - Quinze minutos de entrevista

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Confira pouco mais de quinze minutos da entrevista de Mr Thom Yorke e o lendário produtor Nigel Godrich para a rádio KCRW. Um dos grandes presentes desse Dj Set realizado pelos dois gênios, foi a música Honey Pot, que ficou perdida entre das gravações de In Rainbows e The King Of Limbs.

 

 

Via CmonTakeTheStairs

Crédito: Austin Brock

Ator Alec Baldwin entrevista Thom Yorke

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Em seu podcast “Heres The Thing” na WNYC. Essa semana o premiado ator trouxe Thom Yorke para uma entrevista longa e incomum, o frotman do Radiohead falou de Amok, da sua primeira paixão musical, Brian Harold May e de todo o processo existencial e artístico de sua vida ao lado do Radiohead.

 

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Entrevista de Thom Yorke ao The Observe

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O jornal Britânico The Observer traz uma entrevista relevadora com Thom Yorke, por conta do lançamento de “Amok”. porém, expandindo para uma ampla entrevista, discussões sobre algumas fases de criação do Radiohead e sobre suas concepções políticas, internet, In Rainbows, Ok Computer, fase Kid A e o mundo em Hail To The Thief, além das insinuações budistas em The King Of Limbs. 

Thom também responde que aprendeu a surfar, sua amizade com Michel Stipe e sua paixão pelos R.E.M e que tem as composições em softwares tão criativas quanto as as formas convencionais de composição, como tocar baixo, guitarra e cantar. Respondendo uma pergunta de um fã sobre se a banda pretendia liberar uma espécie de antologias das músicas jamais lançadas, Thom afirma que gostaria que todos pudessem sim ouvir essas músicas um dia.

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Fãs entrevistam Jonny Greenwood na Uncut de Novembro

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A revista britânica Uncut publicou na sua última edição uma entrevista com Jonny Greenwood enviadas por fãs de todo o mundo, através de E-mails e redes sociais. A entrevista por ser lida em espanhol no site argentino Exit music. >>>Link

Entrevista de Simon Reynolds para a Folha

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Simon Reynolds é um dos mais brilhantes críticos musicais da sua época. Seus textos já foram publicados por todas as grandes mídias do gênero, rendendo em 2005, uma compilação de várias publicações do mestre, o livro “Beijar o céu”. Nesse livro Simon também analisa e entrevista os Radiohead. Nosso Thom Yorke e sua trupe desconstroem a discografia até aquele momento e como a banda lida com a pressão, o processo de criação de discos como Kid A e Amnesiac e suas influências.

O autor lança agora um livro chamado “"Retromania - Pop Culture's Addiction to its Own Past" (em tradução livre, retromania - a obsessão da cultura pop por seu próprio passado) e é entrevistado pela Folha.

Confira.

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Por: ANDRÉ BARCINSKI - CRÍTICO DA FOLHA

 No livro "Retromania - Pop Culture's Addiction to its Own Past" (em tradução livre, retromania - a obsessão da cultura pop por seu próprio passado), ainda inédito no Brasil, o crítico musical britânico Simon Reynolds traça um panorama nada otimista da cena cultural do século 21. Por que tanta música nova parece cópia de música mais antiga?

Leia abaixo a íntegra da entrevista com Reynolds.

Folha - No livro, você diz que tem um filho pequeno. Ele é fã de música? Como você compara a sua própria experiência, crescendo como um fã de música nos anos 70 e 80, à experiência do seu filho?

Simon Reynolds - Kieran tem 11 anos e não parece muito interessado em música. Possivelmente, por ter um pai que é crítico de música e que fica tocando música o tempo todo e de todos os tipos, muitas vezes música estranha. É como se música fosse o "meu" negócio e ele estivesse em busca do negócio "dele'.

Kieran adora videogames, diferentemente de mim, que nunca fui interessado nisso. E ele também adora qualquer coisa relacionada a computadores - e-mail, Youtube, Ebay. Ele cresceu como parte da geração conectada. Este é seu mundo.

Acredito que, para a geração dele, música é legal e divertido, mas não tem a mesma importância que teve para a minha geração ou para a geração que sucedeu a minha, a juventude dos anos 90.

Nós realmente víamos a música como a principal arena cultural, era o que nos explicava a nós mesmos e parecia se conectar a todas as outras áreas da cultura e política. Se você, como eu, era ligado em punk e pós-punk, então lia certo tipo de livros, via certo tipo de filmes, tinha interesse em teoria crítica e outras coisas do tipo. Acho que a música foi relegada a ser apenas uma pequena parte do horizonte cultural, e não a parte principal.

Kieran gosta de algumas músicas em particular - como algumas faixas do Black Eyed peãs, por exemplo - mas não acho que ele esteja disposto a explorar a música como parte de sua formação de identidade. Talvez isso aconteça quando ele for um adolescente e descobrir música que tenha relação com sexualidade, ansiedade e toda a confusão que vem com essa fase de transição na vida.

Música também é ligada a diferenças sociais e a ser descolado, é uma forma de socialização entre adolescentes, da mesma forma como Pokemon é hoje para Kieran. Então, acho que, com o passar do tempo, ele vai ter um interesse maior por música, quem sabe até pela música que o pai dele gosta.

Minha filha Tasmin tem 5 anos e ama música. Ela adora dançar, tem um bom senso rítmico e é capaz de passos incríveis, algo no meio do caminho entre o break e artes marciais. Ela tem artistas favoritos, como Pink, Justin Bieber, Ke$ha e Katy Perry. Basicamente, ela gosta de qualquer coisa que toque no rádio e que pareça uma versão pop do Techno e da house music que eu dançava nos anos 90. Ela curte melodia e ritmo, basicamente.

Você acha que a facilidade em baixar música tem, de certa maneira, desvalorizado a música?

Pessoas de tendência liberal ou de esquerda muitas vezes têm um reflexo anticapitalista de dizer: "Que bom que a música é de graça agora, que não está apenas enriquecendo corporações". Mas sou da opinião que a de-commodification não tem funcionado muito bem para a música.

Claramente, é um desastre para os artistas e para a indústria. Mas também para ouvintes e fãs. Veja bem: quando a música custava dinheiro e vinha numa forma sólida, em que, para consegui-la, você tinha de ir a uma loja, e isso envolvia tempo e dinheiro, as pessoas davam mais valor a ela.
A equação é simples: se você gastou dinheiro num bem cultural, seja um livro, revista, disco, etc., você vai gastar tempo tentando extrair o máximo dele. Se você gasta dinheiro com um CD, vai prestar atenção nele quando tocá-lo, e vai tocá-lo mais vezes. Se você obtém um CD de graça, na forma de downloads, você fica mais propenso a ouvir poucas vezes e de uma forma mais distraída. Você vai ouvir a música enquanto faz outras coisas no computador (chamam a isso de "síndrome de atenção parcial"), e você muitas vezes nem vai ouvir o disco todo.

Além disso, se você vive baixando muita música, como as pessoas tendem a fazer quando conseguem música de graça, é matematicamente mais provável que você ouça cada canção menos vezes. E muitos discos só começam a se revelar totalmente depois de repetidas audições.

Para responder à sua pergunta: sim, eu diria que a cultura digital se fundamenta na facilidade, e que a facilidade de acesso e o custo mínimo de aquisição têm levado a uma depreciação no valor da música e à degradação da experiência audiófila.

Mesmo os artistas novos que você elogia no livro - Ariel Pink, por exemplo - fizeram suas carreiras reinterpretando o passado. Você consegue enxergar algo realmente novo sendo feito hoje em dia?

Sim, vejo um número razoável de coisas que eu poderia descrever como relativamente novo ou vagamente inovador. Mas aquelas coisas que, de vez em quando, surgiam como "Uau! FUTURISTA!", essas sumiram, são cada vez mais raras.

Nos anos 90, havia vários gêneros ou movimentos que pareciam grandes ondas de inovação que se sustentaram por vários anos, ou por toda a década: gêneros como jungle, R&B, street rap ou dancehall.

Nos últimos dez anos, parece que os gêneros se tornaram quase estáticos, mas, de vez em quando, no meio de tanta coisa banal e mundana, você via o brilho de algo realmente novo. Em R&B, por exemplo, uma vez ou outra você via algo realmente extraordinário como "Umbrella", da Rihanna, ou "Single Ladies", da Beyoncé.

O dubstep me parece uma extensão dos anos 90, como um tipo de versão adulta e lenta de jungle. Mas produz algumas coisas excitantes: o EP homônimo do Zomby e partes de seu novo álbum, "Dedication", que saiu pelo selo 4AD, as faixas de Cooly G no selo Hyperdub, algumas coisas de James Blake e Ramadanman.

Na música eletrônica tem gente fazendo coisas interessantes: Ricardo Villalobos, Actress, Tobias... Nomes como Oneohtrix, Point Never e Laurel Halo se inspiram muito no passado - música analógica de sintetizadores dos anos 70 e 80, New Age, etc., mas é inegável que fizeram coisas novas.

Uma das áreas onde, acredito, coisas muito interessantes vêm aparecendo é a área de manipulação de vozes: texturização digital de vocais, aceleração e redução de vocais, micro-edição de "samples" de voz. Você pode ouvir isso em música eletrônica extrema e underground (Burial, James Blake) e também no gênero witch house (Salem, etc.), e até na música pop mais comercial (Black Eyed Peas, Ke$ha).

Isso é excitante, embora, se você pensar bem, pode ser rastreado aos anos 90 e a coisas com vocais sampleados que produtores de house e jungle fizeram. Sem esquecer de Cher e de sua faixa "Believe", em 1999, com vocal manipulado via Autotune!

Há algumas semanas, o Arctic Monkeys colocou na web seu novo álbum para os fãs ouvirem. Cada faixa tinha um contador, que permitia ver quantas vezes havia sido ouvida. Mais de 75% das pessoas que ouviram a primeira música não chegaram à última. Você acha que isso pode ser explicado mais pelo déficit de atenção do público, ou pelo fim do LP como um formato de lançamento viável?

Acho que se refere ao que escrevi sobre a depreciação no valor da música e os efeitos da cultura digital na capacidade de atenção do público. O problema de ouvir música via computador ou Iphone conectado à Internet é que o mesmo portal que está conectando você à música é também capaz de, simultaneamente, conectá-lo a milhões de outras coisas. Então, há uma tentação irresistível a clicar em outra coisa e fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo - checar e-mails, baixar mais música, etc. Então você raramente está imerso apenas na música.

Publicações na web são criadas para desestimular o leitor a terminar de ler qualquer artigo, porque elas têm uma série de links coloridos e que chamam a atenção. As publicações não querem que você termine o artigo, porque querem o maior número possível de cliques. Quanto mais você pular de uma parte a outra, melhor para eles.

Você acredita que a mesma visão que seu livro traz da música pode ser estendida ao cinema? Me parece que, desde o surgimento de Tarantino, Robert Rodriguez e outros diretores criados à base de filmes velhos em vídeo e TV a cabo, o cinema tem se tornado cada vez mais uma colcha de retalhos de outros filmes.

Não me parece tão crônico em cinema quanto em música. Você está certo sobre Tarantino, ele é o exemplo óbvio de um fenômeno que detalho em meu livro, que é o do "curador-criador". E se no rock existem as "bandas de colecionadores de discos", com músicos que trabalharam em lojas de discos (como Ariel Pink, por exemplo), o mesmo aconteceu com Tarantino, que foi balconista de uma locadora de filmes. Foi ali que ele criou todo seu conhecimento sobre filmes e sistematicamente dissecou a história do cinema. Então faz sentido que seus filmes sejam baseados em vários estilos e repletos de piadas e sacadas com filmes antigos. O mesmo ocorre com Jim Jarmusch.

Um fenômeno que pensei em explorar no livro foi o das refilmagens. Mas concluí que as razões não eram tão complexas quanto a retromania é para a música. No caso das refilmagens, acho que são 100% motivadas por dinheiro: o reconhecimento, por parte do público, de um filme antigo, pode garantir um certo número de espectadores para a refilmagem. Concluí que não havia muito o que investigar ali.

Tenho uma filha de três anos. Alguns dias atrás, montei minha velha vitrola e toquei alguns discos para ela. Foi fascinante perceber a reação de alguém que, nascida na era digital, teve, pela primeira vez, a chance de ver uma agulha tocando num pedaço de plástico e produzindo som. Você acha que esse aspecto tátil da música, tanto no ouvir música quanto na produção, está mudando a maneira como a música é percebida?

É claro que existe algo de muito estranho na música pop moderna, em que se simula a energia e o som de música tocada ao vivo, mas onde toda a integridade da performance foi desvirtuada pelo uso de elementos de copy/paste que permitem mover a música e torná-la "perfeita". Você consegue perceber, quase subliminarmente, que o que você está ouvindo não é real.
Não é de hoje que gravações de rock têm sido melhoradas por "overdubs" e erros têm sido consertados por edições e substituições, mas hoje vivemos a era em que os sons se tornaram apenas uma massa que pode ser processada ou mudada a gosto. De uma certa forma, é exatamente como eu imaginava a música com o pós-rock, mas, em outro nível, tem uma certa fraudulência no ar, já que simula o som de uma banda tocando ao vivo. Depois, quando você adiciona tratamentos como compressão e AutoTune, o resultado é algo realmente horrível de escutar.

Em gêneros como hip hop, R&B e dance music, isso não parece importar muito, já que são gêneros antinaturais, dependentes da tecnologia e onde não há sequer a intenção de simular "pessoas tocando juntas num estúdio".

Como autor e alguém que depende de seus livros e artigos para sobreviver, como você vê a troca de arquivos na Internet?

Bom, é ótimo poder achar aquele disco raro que eu sempre quis. Mas, de maneira geral, a troca de arquivos tem sido muito ruim para a minha apreciação de música. Para uma pessoa como eu, que cresceu numa época em que música custava dinheiro, ter música de graça na internet é como ganhar a chave da maior loja de discos do mundo. O problema é que nosso tempo não é infinito.

Eu adorei seu livro, mas tenho de confessor que me deixou triste, porque o futuro não parece muito promissor. Como a experiência de escrevê-lo te afetou?

Quando comecei, estava perplexo e ansioso pelo estado da música e, embora eu tenha encontrado muitas explicações no caminho, por meio de minha pesquisa e pensamentos sobre o assunto, terminei exatamente como comecei: perplexo e ansioso.

Concluí que há muita coisa legal para ouvir, mas que a maioria envolve, de certa forma, a reinterpretação do passado. Não tenho ouvido coisas que, na época, me pareceram tão novas e radicais quanto "Remain in Light", do Talking Heads, por exemplo, um disco que, especialmente no segundo lado, parece conter em cada canção uma nova direção para a música.

Tenho acompanhado o lado eletrônico-techno-rave da música, mas a primeira década do século 21 parece ter atingido um ponto em que as pessoas estão experimentando com formas já conhecidas ou criando híbridos ao combinar coisas diferentes da própria história da música eletrônica. Então, tem sido difícil encontrar, hoje, a mesma sensação de novidade absoluta e energia que senti quando ouvi jungle, ou gabba, ou Techno minimal nos anos 90.

Eu diria que o futuro não parece muito promissor, embora, muitas vezes, períodos de estagnação sejam prólogos para algum tipo de erupção cultural.

Estou cautelosamente otimista sobre a nova geração de músicos que só conheceram a Internet. No mínimo, estou curioso sobre o que vai acontecer daqui por diante. Me parece que vivemos uma época interessante. A velha maneira analógica de fazer as coisas - a forma como a cultura funcionava - entrou em colapso, mas acho que alguma coisa vai surgir dessas ruínas.

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Radiohead capa da Rolling Stone Brasil




Leia abaixo um trecho da matéria de capa da edição 68 da Rolling Stone Brasil, nas bancas a partir de 15/5
Thom Yorke entra na sala do bufê nos bastidores da American Airlines Arena, em Miami, usando uma camiseta escura, calça jeans vermelha justa e um sorriso torto. “Estou me sentindo silenciosamente empolgado – e silenciosamente nervoso”, diz o líder do Radiohead enquanto prepara uma xícara de café. Yorke chegou tarde, ontem, da Inglaterra – seus olhos ainda estão pesados por causa do jet lag – e ele deve subir ao palco em breve para o último ensaio do Radiohead antes do lançamento da maior turnê da banda britânica desde 2008: 58 shows em dez meses na América do Norte, Europa, Ásia e Austrália.
A abertura é aqui, amanhã à noite. “Tudo – a produção, as novas luzes, o repertório – ainda é um trabalho em andamento”, comenta Yorke. “Mas está finalmente começando.” Logo depois ele é ouvido aquecendo a voz atrás de uma porta fechada, ensaiando escalas em um trinado agudo e preciso, sustentando notas em “aaaahs” longos e limpos. O Radiohead não está apenas iniciando uma turnê – está revelando um renascimento. O grupo está encerrando uma das eras mais desafiadoras e confusas de sua carreira: quase três anos de silêncio em público e caos privado durante os quais o Radiohead lutou com a reinvenção e seu futuro. Fez algumas de suas mais belas músicas em seu álbum menos popular, The King of Limbs, do ano passado, mas não o promoveu e ficou longe da estrada, sem saber ao certo como ou se poderia ser uma banda ao vivo novamente. “Ainda estamos nos debatendo”, admite Yorke, sentado em um dos camarins da banda. Ele relembra as primeiras sessões de ensaio para esta turnê. “Fiquei apavorado, falando: ‘Ah, não, não vai dar tempo. Quero fazer muitas coisas novas’.”
Só que no palco, um pouco depois, Yorke e o restante do Radiohead – o baixista Colin Greenwood, os guitarristas Ed O’Brien e Jonny, irmão mais novo de Colin, o baterista Phil Selway e o novo segundo baterista Clive Deamer, que tocou com o grupo no ano passado – soam exuberantes e confiantes enquanto apresentam “Bloom”, de The King of Limbs. O que no disco parecia um enigma envidraçado de loops e encarnação fantasmagórica agora é água corrente, organizada na nova formação de seis músicos como uma fúria de ritmos e guitarras agudas abafadas. “Morning Mr. Magpie” também está mais pesada e rápida do que a versão de Limbs, enquanto “Meeting in the Aisle” – uma faixa instrumental das sessões de OK Computer, de 1997 – é tocada com um tempero novo, como surf music turca com um passo de trip-hop.
O Radiohead trabalhou mais de 75 músicas para os shows de 2012, incluindo material composto durante ensaios no começo deste ano no estúdio da banda, em Oxford. Algumas inéditas serão tocadas hoje, “Identikit” e “Cut a Hole”. Yorke, 43 anos, descreve a primeira como “alegre, lenta, mas com uma batida instável de hip-hop”. Ele sorri. “Essa rastejou até o topo e virou líder da turma.” Colin, 42 anos, está empolgado com outra nova, “Full Stop”, particularmente a parte “onde a voz de Thom se transforma neste falsete incrível. A música simplesmente decola”.
Em uma entrevista antes do ensaio, Yorke credita a renovação ao vivo do Radiohead à entrada de Deamer, que veio de outro grupo britânico, o Portishead. “Ter mais um músico para revisitar coisas antigas foi tão importante quanto compor coisas novas”, afirma Yorke. Ele está jogado no sofá, mas sua voz vibra com uma energia incansável. “Ao longo do caminho”, diz, “você descarta músicas, porque só consegue fazê-las de uma certa maneira. É bom ter um novo sopro de vida nelas. Ninguém precisa perguntar: ‘Como é aquela música mesmo?’. É: ‘Como podemos melhorá-la agora?’” O melhor exemplo neste ensaio é a faixa-título de Kid A, de 2000. Gravada no auge do ódio de Yorke pelo convencionalismo das bandas de guitarras, “Kid A” mal era uma música – parecia uma nuvem de efeitos sonoros com Yorke cantando através de um vocoder como uma criança-robô. Hoje, ela soa imensa e metálica, um raio de duas baterias em duelo com um temperamento impactante e clássico nos acordes de piano, tocado por Jonny. “Era uma antimúsica”, afirma O’Brien no dia seguinte, em um salão com vista para o mar no hotel do Radiohead. “Agora, é algo mais acolhedor, especialmente o final. De repente, há um nascer do sol.” Por muito tempo, cóem muitas músicas da banda, admite, “nada podia ser genuinamente belo. Jonny sempre foi brilhante quanto a jogar uma guitarra dilacerante nas coisas”. “É bem o que somos – e Clive trouxe isso”, diz O’Brien, 44 anos. “Quando os Beatles contrataram [o tecladista] Billy Preston, não disseram que todos começaram a se comportar direitinho?”, ele diz, rindo. “Ter alguém decompondo a energia – isso é algo bom. Acabou com os velhos hábitos de todo mundo.” Ele continua: “Você escuta isso o tempo todo. Essas bandas dizem: ‘Estamos na melhor fase de nossa vida’. E não fazem música muito boa. Fico relutante em dizer isso. Não é nossa melhor fase. É uma fase diferente – e boa. Não há a sensação de uma banda nova. Parece uma banda que se conhece.”

Radiohead reconectado

A edição americana da Rolling Stones estampa o Radiohead na sua edição desse mês com um artigo chamado “Radiohead Reconnect - How the most experimental band in music learned to rock again”.  e o site citizeninsane.eu fez a transcrição da matéria. Na extensa entrevista a banda que faz revelações importantes sobre o processo de gravação do último disco, a decisão de sair em tour para promove-lo mais como uma forma de levar aos palcos todo o complexo processo que foi em estúdio, a empolgação de Colin com uma nova música (!!!) que ainda não foi tocada nessa tour ("Full Stop”) , a redescoberta de antigos sons e até a possibilidade da banda entrar em estúdio em alguns momentos esse ano.

Matéria completa transcrita no citizeninsane.eu

Entrevista com Ed (Espanhol)

Perto do seu aniversário (15 de Abril) e como preparativo para a terceira visita do Radiohead ao México, Ed deu uma longa entrevista onde fala do momento da banda, a tour 2012 e como o radiohead tem testado as músicas antigas de uma forma que surpreende fãs e eles mesmos. Confessa que há 55 música ensaiadas para esse turnê, a importância dos B-sides, que esse momento é de luz e muito amor.

Entrevista completa aquiou aqui

mojo entrevista stanley Donwood

O artista plástico e parceiro de longa data da Radiohead, é o entrevistado na última edição do ano da Mojo. Stanley fala sobre o conceito empregado ao Jornal the universal sigh. Fala de sua surpreendente paixão por jornais antigos de cunho “alternativo” que circulavam nos anos 80. Como interagiu com a estética musical de The King Of Limbs, captando o momento da banda, a paixão pelo  vinil e certo “desprezo” pelo CD e muito mais.

Há de ressaltar que The King Of Limbs é o disco de vinil mais vendido de 2011 no Reino Unido.

+ Mojo

Thom Yorke fala a Rolling Stone sobre The King Of Limbs

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By DAVID FRICKE

OCTOBER 13, 2011 11:00 AM ET

 

Thom Yorke of Radiohead performs at Roseland Ballroom in New York.

Kevin Mazur/WireImage

"This is a nice little hit," singer Thom Yorke says in a breezy voice the day beforeRadiohead's September 28th show at New York's Roseland Ballroom. He is sitting in a hotel lobby, drinking tea and talking cheerfully about his band's current promo blitz on behalf of its latest album, the very-electronic enigma The King of Limbs. When the record came out as a download in February, Radiohead – an independent act since it finished its EMI deal with 2003's Hail to the Thief – played no gigs and did no interviews.

"It was nice not to do any of it," Yorke says. "But after a while, we thought, 'Hold on, it might be nice to do something.' And now that we've figured out how to play it live" – referring to the album's lush tangle of samples, drum loops and glassy vocal reveries – "that creates an energy that we want to pursue. You want to get it out there."

Radiohead's New York trip has included TV appearances on Saturday Night Live, Late Night With Jimmy Fallon and a special one-hour edition of The Colbert Report, during which the usually limelight-shy Yorke gamely fired quips back at the host. At Roseland on the 28th and 29th, Radiohead, who have not toured North America since 2008, gave a spectacular preview of their new six-piece lineup – with second drummer Clive Deamer of the British group Portishead – and the major roadwork they are planning for 2012. Yorke, bassist Colin Greenwood, drummer Phil Selway and guitarists Ed O'Brien and Jonny Greenwood performed seven of the eight songs on The King of Limbs, invigorating the laptop-built ambience of "Bloom" and "Morning Mr. Magpie" with live-band dynamics and Selway's polyrhythmic bond with Deamer.

The Roseland shows included an unreleased song, "Daily Mail," Yorke's scathing address to ex-British prime minister Tony Blair, the King of Limbs outtake "Supercollider" and a new arrangement with furious double drumming on "Myxomatosis," from Hail to the Thief. Radiohead also resurrected two oldies: "Subterranean Homesick Alien," from 1997's OK Computer and, on the 29th, a bit of the fans' favorite "True Love Waits" during the intro to "Everything in Its Right Place," from 2000's Kid A. The previous night, in the same spot, Yorke paid tribute to the recently split R.E.M. and their singer Michael Stipe, a close friend, singing a chorus from their 1987 hit "The One I Love."

"It was the same thing with Kid A – the studio was this process, then you bring it to life," Yorke says of the delay in bringing The King of Limbs to the stage. "In 'Bloom,' when Clive goes from the electro pads to the live kit, and my guitar shoots up an octave, I'm like, 'Wow!' When we came up with that, it was like, 'OK, we got it.'"

"The whole thing is a morass of syncopations and layers," says Deamer, who started playing with Selway last winter, working out parts, before rehearsing with the whole group. "But every time we play, it grows. Something slightly different can happen."

Radiohead could squeeze in only three concerts this year – the Roseland dates and a surprise set in June at Britain's Glastonbury Festival – because Deamer is also on the road with Portishead. "He wasn't available," says Chris Hufford, one of Radiohead's managers, "and it's why we couldn't go out on tour until next year."

"It will be sort of on and off, with big gaps," Yorke says of the probable schedule, then grins reassuringly. "But not that big."

In the meantime, Radiohead have released another new album. TKOL RMX 1234567 is a two-CD set of radical reconstructions of the tracks on The King of Limbs by DJs and producers such as Modeselektor, Altrice and SBTRKT. "It was kind of my baby," Yorke says, noting that Blawan's remix of "Bloom" "has just a little bit of us in there. But I love that."

Yorke, who turned 43 on October 7th, is determined to finish his new Atoms for Peace album by the end of the year. It is likely to feature recordings from the sessions Yorke did in 2010 with his touring band of that name, whose members include Radiohead producer Nigel Godrich and bassist Flea of the Red Hot Chili Peppers. The album has "a lot of solo stuff as well," Yorke adds. But, he confesses, "It's not good enough yet." He and Godrich "were excited about it for so long, then we kind of lost our way. So we're taking some steps back."

"The genesis was more like The Eraser – Thom and I in the studio," Godrich says, referring to Yorke's 2006 solo album. "The idea was to generate the music, then record the band. We did that. Some of it worked. We also went back to some of the electronic stuff. It's still in flux. We're waiting for the lightning bolt to strike."

Radiohead are returning to the studio as well. They will work on new material at their recording space in Oxford, England, in December and January. "We can get things together quite rapidly at the moment," Yorke says brightly. He mentions one song, "Come to Your Senses." "We have this version of it. It's a five-minute rehearsal, but it has the essence of what we need.

"There are a few of those," he adds. "It would be fun to have them ready when we go to play next year. I don't know how we would release them." Yorke smiles hopefully. "It would be nice to make it all part of the flow and just enjoy it – not think about it too much."

Radiohead Interview

Entrevista os autores de In Rainbows ao Multishow 
em março de 2009, durante turnê em RJ e SP

Parte1


Parte2


Parte3





Entrevista a Phil Selway E Ed O'Brien, por ocasião do lançamento de "Kid A"

Phil - ...são 15 anos de maus hábitos que estamos a tentar tirar. Estamos a tentar fazer isso...

Ed - ...demora muito tempo. Esta é a primeira entrevista que damos de há dois anos para cá.. E esta manhã precisei de um copo de álcool para ficar bem, um copo de vinho...

Phil - Esta noite nem dormi!..

Ed - Exactamente. Esquecemo-nos... de que deve ser um gozo razoável. Isto tem de reflectir-se na música. Não vale a pena continuar a fazer isso,.. Eu penso mesmo que uma pessoa da banda, se tivéssemos continuado como no "OK Computer", talvez uma ou duas pessoas já tivessem morrido aos 40. Estás a perceber? Estou a falar a sério. Foi demais. Tivemos de... Foi por causa das nossas personalidades e da forma como definimos tudo pois éramos muito direccionados. Tínhamos a banda desde 1985, isto é uma espécie de fim. Quando se chega ao nível em que não se pode descansar, tens de ser: Muito bem, vamos recomeçar de novo. Vamos pensar numa forma de continuarmos a fazer isto que seja divertida e, mais importante ainda, que a música seja criativa e diferente.

Ed - Fomos a muitos sítios. Duas semanas em Paris em Janeiro de 1999. Depois em Fevereiro e Março estivemos duas semanas em Copenhaga. Depois em Abril e Maio fizemos 3 semanas cada em Bastford House que é uma grande e típica sala de espectáculos. Depois em Setembro o nosso estúdio estava pronto para gravar. Desde então, é lá que temos estado.

Phil - Muitas das gravações têm sido feitas em locais frios e chuvosos. A primeira coisa que fazemos quando acabamos é ir ver o Sol...

Ed - Não temos tido sol nenhum. Tivemos talvez duas semanas no Verão, no ano passado, em Inglaterra, mas depois foi Paris no Inverno.

Phil - Por que é que não vamos a sítios onde os outros costumam ir? [risos] Monserrate e sítios desses...

Ed - Nas Bahamas... Lembro-me, em Paris, de estarmos a comer e disse: "Há um estúdio em Cadaqués..." não, em Figueras... Sim, em Figueras, na Catalunha... "... por que nã vamos lá?" e ele gritou e disse "se queres ir para um sítio quente, vai lá..." [risos] E então gravámos...

Phil - ...um ano depois...

Ed - Exactamente. Sabes o que é um bronzeado de estúdio? Um bronzeado de estúdio é muito amarelo, muito branco, não se vê a luz do dia durante dias. Fica bem...

Phil - É muito sexy... [risos]

Ed - Gravámos 23 canções no total durante os últimos 18 meses. Tínhamos acabado 23 canções e começámos muitas mais. É muito diversificado, tem elementos das coisas que fizemos antes... aquilo que sentimos... aquilo que determinámos. Tem os extremos daquilo que fizemos no disco. Tem coisas baseadas em teclados de computador, samples, por um lado. Por outro lado tem algumas coisas escritas, um pouco do progresso que fizemos no "OK Computer". No contexto da banda, com cordas e orquestrações. A meio, tem uma espécie de base de bateria, com uma parte de metais. O interessante é ver como tudo se encaixa.

Ed - Há uma semana disse que achava que era muito anos 70, tipo Bowie. é muito eclético, tem tudo presente. É um disco de extremos. Dissemos logo: disco muito diversificado. Pela primeira vez é um disco muito diversificado, porque foi iniciado em sítios muito diferentes... O "OK Computer" tinha um som homogéneo, a banda tinha-o certamente. Achámos que o "OK Computer" era diversificado, mas este é que é diversificado. Ainda não viram nada... [voz de gozo] [risos]

Ed - Sim, tem guitarras. Do ponto de vista da guitarra está como que esgotado. O último disco tinha tantas possibilidades. Pessoalmente falando, como guitarrista aborreci-me muito. Percebi que durante os dois meses não gravei guitarra, era teclados ou sons, coisas dessas. Agora, quando começámos a ensaiar a guitarra voltou a ser bestial. É muito excitante, muito divertido... Tem novos sons... Se não nos sentimos bem com aquilo que se está a escolher ou com aquilo que se está a fazer,.. É preciso estar-se muito entusiasmado com aquilo que se está a tocar, com os sons que se está a tirar, para se poder contribuir com alguma coisa.

Ed - Em termos de letras, o Thom está sempre a tentar avançar. Acho que, no último disco sentiu que tinha atingido o máximo que podia fazer em termos de letras. Ele faz sempre tudo com o coração... Contudo, penso que a questão é, mais uma vez, o facto de agora ser mais abrangente. Algumas das letras são bastante políticas, o que é bestial. Algumas delas estão cheias de contrastes, em que nós temos a música mas ele não tem letras. Começa a cantar o que lhe vem à cabeça. As coisas que surgem assim são muito boas, pois surgem sons, contribui-se com coisas. O Stephen Malkmus dos Pavement é muito assim. Conheces a banda? O Nigel, que produziu o nosso último disco, diz que transforma arquitectura congelada em letras...

Ed - Sempre falámos nisso e chegou o momento de voltar aos velhos "clichés". Aquilo que esperamos enquanto banda... Temos de recordar como era quando tínhamos 14, 15 anos. Éramos fãs de uma banda e íamos comprar o disco no dia um... Até podíamos só ter ouvido o single, mas confiávamos na banda, esperávmos que produzisse um bom disco. Felizmente que as pessoas reconheceram... Podemos esuqcer o primeiro álbum, porque "Creep" foi uma coisa à parte... mas aquilo que fizemos no "OK Computer"... As pessoas perceberam que estávamos a mudar, numa espécie de evolução, e estão suficientemente interessadas. Como no caso do "OK Computer", não vão perceber necessariamente na primeira ou segunda vez, mas tem uma forma, faz sentido. Isso surgirá na quarta ou quinta vez que o ouvirem. Fará sentido e espero que gostem tanto como nós.

Sol Música, 2000

Entrevista a Thom Yorke

Entrevista a Thom Yorke

E se os Radiohead desaparecessem? E se Hail To The Thief fosse o último álbum do grupo? A hipótese é adiantada pelo próprio Thom Yorke, longe das câmaras. Mas por agora descansem, o disco está aí, num elegante compromisso entre OK Computer e Kid A, o mundo visto por Thom Yorke.

P.: O seu último álbum reflecte a sua recente condição de pai?


R.: Sim, de muitas maneiras. Reflecte a minha nova preocupação relativamente ao futuro, ao que foi feito em nosso nome e a tudo aquilo que o afecta, na sua totalidade, e em cada uma das suas formas. Mas também reflecte a redescoberta das razões que me levaram de volta à música. De certa forma, o meu filho faz-me pensar, faz-me lembrar por que sou músico.

Estava a tentar não entrar nesse tipo de sentimento, porque sou muito propenso a esse tipo de fantasias paranóicas sobre o nosso futuro. É assim que eu sou. Não queria envolver isso na música. Eu estava a escrever e, por estar a trabalhar muito depressa, foi este o material que apareceu primeiro. Como estava a trabalhar muito depressa, não tive tempo de o reescrever. Estava a fazer um esforço para tirar as coisas do contexto, para ir fazendo pouco a pouco e tentar não associar as coisas. E o mais engraçado é que as canções foram escritas há 4 anos...

Uma sonoridade sempre actual e que tem em "There There" o seu cartão de visita...

Houve uma canção que me ficou na cabeça durante muito tempo... O mais engraçado é que nunca me cansei de nenhuma das melodias. Nunca me cansei delas. Não há muitas canções assim para mim... [sorriso]

Um tema de eleição que os mais atentos podem pensar que já tinham ouvido... E talvez seja verdade, os 14 temas de Hail To The Thief foram experimentados ao vivo em Portugal. Quanto ao registo em estúdio, aconteceu em Los Angeles, California, a cidade que serviu de inspiração ao embrulho do disco.

Quando estávamos em Hollywood a gravar o disco - parece muito glamoroso, não é? É fantástico. [sorriso] - ... eu e o Stanley [Donwood] normalmente fazemos estas coisas juntos, mas como estávamos a trabalhar tão depressa, ele fê-lo [o artwork] desta vez sozinho. Quando não estávamos a trabalhar andávamos de carro por Bel Air e Beverly Hills, ouvíamos a música hip hop "Qasi Modo" em altos berros com os vidros do Range Rover abertos, a tentar parecer o mais ameaçadores possível. Como eles têm alertas de segurança por todo o lado - todas casas têm avisos como "Mantenha-se afastado" - nós conduzíamos por ali e ele escrevia o que estava escrito nos sinais.

Os sentidos por vezes proibidos, por vezes únicos, sentidos que traçam o rumo das ideias de Thom Yorke, um homem perturbado com a ideia de um mundo em guerra, a guerra que lhe tira o sono, guerra que o faz olhar o planeta de forma aterrorizada...

Para ser sincero, o meu maior medo em todo o mundo são as pessoas que consideram que já não têm voz, que consideram que não têm controlo sobre o nosso futuro ou o nosso destino, como planeta, e que o Mundo inteiro desista simplesmente.

Cada dia é como uma mulher com medo de ratos, que salta para cima de uma cadeira, puxa as saias e os ratos andam todos ali à volta. Os Governos continuam a "puxar as saias cada vez mais" para fugir dos "ratos", porque têm medo dos ratos, querem fugir. Eles já não querem saber, estão muito assustados. O meu governo está muito aterrado com o que as pessoas pensam, mas, no fundo, ninguém vai preocupar-se e fazer alguma coisa.

Agora que é pai, Thom Yorke revela muito de miúdo. Por dentro, fez um regresso às origens. Por fora, sente-se nas músicas e nas palavras de um homem que poucas vezes fala, mas que quando fala diz o que sente.

Quando era miúdo fiz várias operações ao meu olho e andei em hospitais. Quando me punham a máscara, muitas vezes ouvia a rádio e sentia o cheiro... quando pomos a máscara, começamos a... [Thom deita a cabeça para trás e gesticula como um esquizofrénico, e ri-se]

jornalista: Rui Pedro Reis
"Música do Mundo", Sic Notícias 2003

Entrevista com os autores de «Ok Computer»

Radiohead
Como despistar o passado

«Kid A» chegou. As canções foram-se. Os Radiohead voltaram. Rodeados da intocável reputação de genialidade de que gozam nos dias de hoje. Mas, perante a passagem de testemunho de «OK Computer», pode ser que nem tudo esteja no devido lugar. Ed O'Brien, instrumentista do grupo -- o seu desempenho neste disco foi muito além da guitarra ritmo -- e responsável pelo diário da banda consultável na internet, falou connosco sobre o experimentalismo do novo disco e tudo aquilo que esteve implicado na sua gestação.

Passados três anos sobre a edição do brilhante e inesgotável «OK Computer» -- que, entre outras coisas, motivou na imprensa britânica o rótulo recorrente de «próximos Radiohead» --, a banda de Thom Yorke volta aos discos reformulando completamente a sua degustação, digestão e corporização do processo criativo. As fórmulas alteraram-se. A forma de confrontar o público com as transformações ocorridas também. Os concertos escasseiam, movem centenas de pessoas em busca de raros bilhetes e o culto das expectativas aumenta. O'Brien explica-nos a opção pelos concertos mais restritos e em menor número, que se prende com desejos relativos à «fome» de criar. «Não vamos fazer uma digressão de dezoito meses e depois gravar um álbum e fazer mais dezoito meses de digressão», esclarece.

«Vamos continuar sempre a trabalhar em estúdio. Porque quando se sai para digressão, embora seja fantástico, tem que se deixar de ser criativo e nós queremos gravar sempre mais e mais, queremos lançar um álbum todos os anos... Mas não vamos acabar com as digressões, não é um caso de "se não fazemos uma digressão agora não nos vamos expor nos próximos três anos". Podemos muito bem fazê-lo no ano seguinte, mas trata-se apenas de não podermos ser tudo para toda a gente constantemente. Nem sequer vamos para os Estados Unidos este ano, o que é frustrante, porque sempre foi um mercado enorme para nós». Quanto a Portugal, «passámos tempos incríveis aí.

Os concertos de aquecimento da última digressão no Garage, em Lisboa, foram simplesmente soberbos. Divertimo-nos muito em Lisboa; tocámos no Porto com os James e, obviamente, em Lisboa antes disso, em 1993. Mas iremos aí porque Portugal é um sítio muito especial. A outra razão é que só vamos tocar em locais pequenos, já que não queríamos tocar em estádios gigantescos... Esta digressão de Verão é como se fossem as nossas férias. Queríamos que fosse muito aprazível tocar nestes locais pequenos em vez de estarmos perante dez ou quinze mil pessoas».

DISCO: RUMOS E DIFERENÇAS

«OK Computer» é considerado, quase unanimemente, um dos discos maiores da década de noventa, fulcral na história da música no limiar do novo milénio, disco-farol da arte de desmontar e subverter toda a lógica linear do formato «canção» que os Radiohead tão bem exploraram. O passo seguinte a um disco que leva o carimbo de «genial» vindo de tudo quanto é lado, é naturalmente problemático. Neste caso, diz Ed, «(pequeno riso) nós limitámo-nos a tentar fazer qualquer coisa diferente. Basicamente, construímos o novo disco num estúdio nas imediações de Oxford, fomos para Paris por duas semanas, para Copenhaga outras duas semanas e gravámos. Tentámos apenas fazer com que as coisas resultassem, pô-las para fora de nós e fazer coisas diferentes, abordar as coisas de uma forma distinta. Quando o "OK Computer" saiu as pessoas perguntavam-nos: "como é que vão fazer depois de «The Bends», já que era um disco tão bom?" e antes disso era "com o que é que vão suceder a um single como «Creep»?". Acho que o que fizemos em cada momento foi produzir um disco diferente do precedente e o disco que fizemos agora é diferente do "OK Computer". E tem que se insistir em ser diferente, porque não se vai necessariamente fazer um disco melhor. Tudo o que se pode almejar é fazer um disco diferente».

Mas, segundo um raciocínio de que se tenta sempre subir mais um pouco ao invés de haver apenas uma deslocação paralela, será de esperar que na realização de «Kid A» tenham sentido a necessidade de serem mais ambiciosos... «Acho que aquilo que precisávamos de fazer -- ou, pelo menos, aquilo que sentíamos -- era continuar a extremar os sons e a forma como se dá a abordagem às canções na composição. O Thom (Yorke), liricamente, esforçou-se muito e nós, enquanto banda, desafiámos a ideia da noção da banda e tornámo-nos mais um colectivo em muitos aspectos. Há temas em que há apenas um piano ou um teclado e voz. Em muitos dos temas quisemos fugir à formação bateria e guitarras que temos tido, porque sentimos que já tínhamos explorado essa área tanto quanto nos era possível. Tem que se ser pretensioso, tem que se agir como um artista agiria, têm que se abraçar as novas tecnologias -- computadores, baterias electrónicas... Nunca se deve pisar o mesmo solo, têm que se fazer coisas novas». E para se alcançarem essas coisas novas e descobrir esse caminho de diferença houve muita discussão a preceder o processo de composição e gravação?

«Sim, conversámos muito, mas não há nada como mergulharmos realmente na situação. O que descobrimos quando entrámos no estúdio no princípio do ano foi que estávamos constantemente a reavaliar o que a banda era e aquilo que queríamos que fosse. No último ano quase nos separámos por três vezes porque estávamos a tentar encontrar um rumo. Não podíamos continuar a trabalhar como fazíamos antes, não se pode continuar assim. Preferiríamos parar a continuar assim. Trabalhámos livremente e falámos das nossas intenções para o que íamos fazer... depois tenta-se transformá-las em actos e às vezes resulta. Mas é um processo muito longo. Durante um período não vimos a luz no fundo do túnel. Requer alguma paciência e conversas, a reavaliação de cada célula: "o que é que gostas nesta situação?", "não gosto disto", "musicalmente, quero realmente fazer ou experimentar isto". Tem que se falar e reavaliar o que se está a fazer a toda a hora».

Mas a luz ao fundo do túnel, que os Radiohead finalmente encontraram, fugiu-lhes durante um período demorado, reflectindo a normalidade de uma situação em que um grupo assume por completo a tentativa de se desviar do percurso até agora traçado. «Sentimo-nos sempre perdidos. Isso é parte do problema. Andávamos como um cego, a tropeçar e sem nos apercebermos daquilo que tínhamos. E então começam a completar-se canções que estão a ser misturadas e juntam-se as canções e, de repente, tudo toma uma forma, mas no princípio não tínhamos uma ideia. Nos discos anteriores tínhamos uma pequena imagem da ideia do que o álbum poderia ser, porque eram basicamente canções "ao vivo" gravadas em estúdio. Mas desta vez não tínhamos a mínima ideia. É interessante porque o disco alterou-se durante cinco semanas, enquanto íamos acabando e seleccionando os temas. Mudou sempre. Não tínhamos ideia de como iria soar».

DISCO: PRAZOS E ESTRUTURAS E CANÇÕES

Pela primeira vez na sua história, os Radiohead dispuseram de todo o tempo que entenderam para os trabalhos respeitantes ao seu novo disco. Mas será que trabalhar sem prazos-limite torna tudo mais fácil e põe de lado a pressão de ter que apresentar as canções embrulhadas numa data previamente fixada ou, pelo contrário, tais circunstâncias dão origem a uma insistência e atenção excessivas a determinados pormenores e perda de concentração e focagem nos objectivos estipulados? «Eu até acho que os prazos são algo de muito bom», revela Ed. «Os prazos obrigam-nos a tomar decisões e essa é a chave. A verdadeira chave para se fazer música é a tomada de decisões. Se não houver um prazo-limite nunca se tem que tomar uma decisão. Se se toma a decisão está-se, basicamente, a assumir que "isto é bom, isto está certo, vamos avançar". Os prazos-limite são uma coisa fantástica. Mas, agora, acho que precisávamos de trabalhar este material sem prazos, ver como era. O problema é que se não houver prazos podemos prolongar-nos eternamente». Para este disco «trabalhámos cerca de dezoito meses, com algumas interrupções. Mais nos últimos oito meses. Antes disso era do tipo: duas semanas de trabalho, três de pausa».

«O que acontece é que durante muito tempo não tivemos arranjos definidos para as canções. Mas temos que pensar nos arranjos como os andaimes numa casa. Aquilo que mantém a casa de pé enquanto está a ser construída. Esse trabalho é necessário. (É uma analogia terrível, desculpa). Depois enche-se o resto. Tem-se o arranjo e juntam-se-lhe cores, que são os sons, etc. A outra coisa interessante é que, por estarmos a recorrer a computadores, podemos alterar os arranjos. Nos ensaios antes do "OK Computer" e "The Bends" já tínhamos os arranjos feitos, mas para este disco não. Foram como que deixados para os computadores, igualmente. Foi muito interessante».
O trabalho desenvolvido com os computadores «é interessante mas temos que nos acostumar porque é essencialmente um trabalho de uma ou duas pessoas. Não dá para se amontoarem cinco pessoas em volta do computador. É um método de trabalho lento mas também pode ser muito libertador porque nos permite fazer algo como "atirar" coisas para os temas, improvisar por cima deles, escolher o melhor pedaço. Usámos muito disso. É nova tecnologia e uma forma de atingir sons novos, novas formas de trabalho».

Uma das direcções que se poderia presumir que constituísse ponto de orientação para o trabalho em «Kid A», era a utilização de estruturas nada lineares como se podia ouvir num dos melhores temas de «OK Computer»:
«Paranoid Android». No entanto, Ed explica que «as canções têm estruturas, não têm forma livre. Há uma música que surgiu de uma improvisação, mas até essa tem uma estrutura. É precisa uma estrutura para que as coisas façam sentido. Está lá uma estrutura, mesmo que numa primeira audição não pareça». Mas será que se tratam de canções com a estrutura clássica?
«Sim, temos várias. O que acontece é que ao fazermos outras coisas, sem estruturas clássicas, passamos a apreciar o "verso-refrão-verso-refrão-quebra- refrão-fim-da-canção". Quando se esteve a fazer algo sem estrutura há algo de incrivelmente satisfatório em fazer algo que tem uma forma muito simples, porque resulta. Mas se esse é o único método de trabalho torna-se monótono. Tem que se manter as coisas frescas. É fácil de apontar quando as bandas já se arrastam há muito tempo porque soam aborrecidas. Muitos discos de bandas com sucesso têm sido lançados e porque é que as bandas mais bem sucedidas se perdem? Perdem-se porque se aborrecem, porque já fizeram tudo antes. E não são músicos de jazz, não podem continuar a desenvolver a sua arte como o jazz. Ficam presos neste tipo de estrutura "verso-refrão", que é muito bom e resulta -- e é importante de conservar -- mas não se pode limitar a isto».

Em «National Anthem» -- um dos temas mais bem conseguidos de «Kid A» -- e noutras duas faixas, os Radiohead contaram com os préstimos de secções de metais e cordas. Experiências que o grupo quis levar a cabo «porque são sons diferentes. Por exemplo, no "National Anthem" eu nem sequer toquei. Não me importo, porque aquilo que eu possa tocar na guitarra ou no teclado não pode produzir aquele som da orquestra de metais, e o Jonny (Greenwood) e o Thom gostam muito de Charles Mingus e orquestrações de big-bands e queriam experimentar. Resultou e foi fantástico. Só porque fomos uma banda de guitarras no passado, eu não quero tocar apenas guitarras, quero usar instrumentos diferentes para conseguir sons diferentes e ambientes diferentes. E agora estamos numa posição fantástica em que podemos recorrer a excelentes músicos. Assim sendo, porque não usá-los?».

Tendo esta entrevista sido realizada numa altura em que nenhum dos temas de «Kid A» era do conhecimento público, Ed O'Brien encarregou-se de descrever, na medida do possível, o disco que nos esperava. «É muito diverso e muito diferente. Faz todo o sentido para o nosso tempo. É muito difícil descrever sons mas parece-me adequado para o tempo que corre. Há material que tem ligações ao que fizemos no nosso passado mas há igualmente muita experimentação. Estou muito orgulhoso. Não é um disco de rock'n'roll, não é um disco de tecno... É um álbum dos Radiohead, é o que nós devíamos estar a fazer: música nova e diferente».

Gonçalo Frota