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Thom Yorke | "Ill Fares the Land" de Tony Judt

 

Thom Yorke atualizou novamente seu Twitter com mais uma indicação de um livro. ILL Fares The Land (2010) do historiador britânico Robert Tony Judt.Ill Fares the Land” vem com o objetivo de propor um novo engajamento político para a nossa sociedade, através de uma releitura da própria história no Século XX, o neoliberalismo, as novas ordens mundiais e as décadas perdidas “The last time a cohort of young people expressed comparable frustration at the emptiness of their lives and the dispiriting purposelessness of their world was in the 1920s”.

 

Tony Judit foi sem dúvida um dos mais importantes pensadores da nossa geração, diagnósticado com um tipo de esclerose em 2008, Judit falaceu em 2010 deixando obras importantes para  as próximas geração e sobretudo para a nossa. O livro já tem tradução para o português com o título “O Mal Ronda a Terra” lançado pela editora Objetiva em 2011. Aqui

 

Para Thom Yorke:

“Tony Judts 'Ill Fares the Land' inspires me I read it on my phone in spare moments a gift to our generation”

 

Thom Twitter

Thom Yorke | You Are Not a Gadget de Jaron Lanier

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Thom Atualizou seu Twitter com uma indicação de um livro do escritor, músico e cientista da computação americano Jaron Lanier "You Are Not a Gadget." O livro faz uma reflexão crítica sobre uma nova geração de serviços e usuários (comunidades) na internet, a chamada “Web 2.0”.

 

jaronlanier-header3 Direcionando seu olhar sobre redes sociais, conceitos de compartilhamentos de informações e música, certamente um livro que atual que deve ser lido e que vem empolgando o frontman do Radiohead.

 

 The Guardian Review

 

Via @thomyorke

Radiohead entre Livros e Publicações

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Hoje vamos falar de alguns livros baseados ou simplesmente criados pelo próprio Radiohead e seu parceiro o artista plástico Stanley Donwood.  Muitas publicações são de autores independentes que buscam conexões com a poética da banda. Uma indicação de um membro, um autor brasileiro e até um livro religioso fazem parte desse universo. Há contudo inúmeras publicações, porém destacamos essas para o fã do Radiohead e seu excêntrico universo.

 

Dead Children Playing

 

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Autores | Stanley Donwood & DrTchock (Thom Yorke)

Ano | 2007

 

Esse trabalho é uma verdadeira compilação de trabalhos desenvolvidos pelos artistas Stanley e Thom ao longos dos anos de 1996 à 2003. Como se sabe, Donwood vem trabalhando com o Radiohead desde Ok Computer (1997). Além de uma passeio pelo universo sintético do Ok Computer, as visões apocalípticas de Kid A/Amnesiac e a poluição sombria de Hail To The Thief. Dead Children Playing teve mais duas outras edições com novidades e mais material.

 

www.slowlydownward.com

 

Radiohead and Philosophy: Fitter Happier More Deductive (Popular Culture and Philosophy #38)

 

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Autores | Brandon W. Forbes e George A. Reisch

Ano | 2009

 

Nesse ensaio filosófico os autores buscam as conexões político-filosóficas do trabalho do Radiohead, a ruptura com a estética rock de Creep e Ok Computer e a transição a partir de discos como Kid A, a saída da gravadora e disponibilidade do disco In Rainbows por quanto o fã quisesse pagar são algumas das abordagens de Brandon W. Forbes e George A. Reisch nesse livro feito essencialmente para fãs.

 

 

Wild: An Elemental Journey

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Autor | Jay Griffiths

Ano | 2006

 

Uma verdadeira odisséia de conexões e sensações, é assim que muitas das vezes é descrito o livro do britânico Jay Griffiths, lançado em 2006 e premiadíssimo em todo o mundo. Em abril de 2011, Ed O Brien publicou no DAS(Blog oficial do Radiohead) a sua indicação desse trabalho, entre as palavras, chamou o trabalho de “medicinal”.

 

DAS

 

Exit Music: The Radiohead Story

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Ano | 2000

 

Nesse trabalho o jornalista e crítico faz a biografia não autorizada do Radiohead, um notável trabalho de pesquisa desdos primórdios em Oxford, passando pelo sucesso de “Creep” e os revolucionários lançamentos de Kid A e In Rainbows por exemplo. Apesar do lançamento ter sido em 200o há mais três edições atualizadas disponíveis e traduções para o alemão, japonês e italiano.

 

Mac Randall

 

Everyday Apocalypse: The Sacred Revealed in Radiohead, The Simpsons, and Other Pop Culture Icons

 

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Autor | David Dark

Ano | 2002

 

Professor de inglês na faculdade paroquial Christ Presbyterian Academy, David Dark busca um novo sentido para o imaginário apocaliptico tão descrito e temido na Bíblia. Trazendo uma reflexão sobre a nossa sociedade e como num mosaico cristão-sociológico, Dark traz alguns ícones culturais para enfatizar que o apocalipse já está presente na música (trazendo para dentro o trabalho do Radiohead e de Back), no cinema e no universo de gente como Shakespeare e Flannery O'Connor. O Apocalipse é real e pode ser visto claramente segundo David Dark.

 

Beijar O Céu

 

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Autor | Simon Reynolds

Ano | 2006

 

O jornalista e crítico londrino Simon Reynold traz nesse trabalho um apanhado de algumas de suas melhores matérias. Nele temos uma verdadeira pérola publicada pela The Wire em 2001 pérola, com Thom Yorke e Cia sobre a produção do material de Kid A/Amensiac, a ruptura com o processo de gravação, classes sociais, Miles Davis em uma entrevista fantástica. Há uma edição em português pela Conrad .

 

No arco-íris do esquecimento

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Autor: João Henrique Balbinot

Ano | 2012

 

O escritor João Henrique Balbinot traz a poética dos contos em um  trabalho inspirado no universo do Radiohead entre outras profundas inspirações. No Arco-íris do Esquecimento, o autor paranaense realizou seu primeiro trabalho. transformando-o em uma leitura densa, profunda e atemporal.

 

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Radiohead onde cada música é um livro por Simon James

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Simon James – artistas londrino e designer – transformou as canções de todos os discos da banda em lombadas de livros, extremamente sedutores prontam a ser lidas e/ou ouvidas. Se a poesia de Thom Yorke é uma das grandes chaves do encantamento do Radiohead, Simon a decodificou em luxuosos “romances” que trazidos ao universo hermértico do Radiohead, rende um fantástico percurso surreal.

 

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No arco-íris do esquecimento por João Henrique Balbinot

O mesmo vale quando o objeto da compreensão é uma música, em especial as escritas e interpretadas pela banda Radiohead. Suas letras não são unilaterais, aliás, são multifacetadas em tal medida que uma única música é capaz de despertar as mais diferentes compreensões em um uma única pessoa.”

(João Henrique Balbinot)

 

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O site Radiohead Brasil abre as portas para o livro de contos de João Henrique Balbinot, inspirado entre outras inspirações, na música do Radiohead. O trocadilho com In Rainbows e o título dessa obra, não deixa dúvidas, que a música do quinteto tocou profundamente na alma do jovem escritor de Maringá – Paraná. Ou como o próprio João afirma:

 

“Algumas muitas impressões se estratificaram – umas mais transitórias, outras mais permanentes; todas muito marcantes – as que se seguem foram em mim as mais intensas, de modo que cada conto é livremente norteado por uma música e o que dela ficou por aqui.”

 

O livro pode ser encontrado nas melhores editoras.

 

Editora Multifoco

Blog de João Henrique

Contato via Facebook

The King of Limbs / partituras/ songbook

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Diretamente da WASTE CENTRAL, o songbook completo do disco The King Of Limbs (2011). São 52 páginas em formato PDF, que vão de Boom à Separator. Imprima e começe a tocar algumas das mais belas canções já lançadas pela turma de Thom Yorke.

Aqui

by Lady Newell & Friends

Entrevista de Simon Reynolds para a Folha

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Simon Reynolds é um dos mais brilhantes críticos musicais da sua época. Seus textos já foram publicados por todas as grandes mídias do gênero, rendendo em 2005, uma compilação de várias publicações do mestre, o livro “Beijar o céu”. Nesse livro Simon também analisa e entrevista os Radiohead. Nosso Thom Yorke e sua trupe desconstroem a discografia até aquele momento e como a banda lida com a pressão, o processo de criação de discos como Kid A e Amnesiac e suas influências.

O autor lança agora um livro chamado “"Retromania - Pop Culture's Addiction to its Own Past" (em tradução livre, retromania - a obsessão da cultura pop por seu próprio passado) e é entrevistado pela Folha.

Confira.

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Por: ANDRÉ BARCINSKI - CRÍTICO DA FOLHA

 No livro "Retromania - Pop Culture's Addiction to its Own Past" (em tradução livre, retromania - a obsessão da cultura pop por seu próprio passado), ainda inédito no Brasil, o crítico musical britânico Simon Reynolds traça um panorama nada otimista da cena cultural do século 21. Por que tanta música nova parece cópia de música mais antiga?

Leia abaixo a íntegra da entrevista com Reynolds.

Folha - No livro, você diz que tem um filho pequeno. Ele é fã de música? Como você compara a sua própria experiência, crescendo como um fã de música nos anos 70 e 80, à experiência do seu filho?

Simon Reynolds - Kieran tem 11 anos e não parece muito interessado em música. Possivelmente, por ter um pai que é crítico de música e que fica tocando música o tempo todo e de todos os tipos, muitas vezes música estranha. É como se música fosse o "meu" negócio e ele estivesse em busca do negócio "dele'.

Kieran adora videogames, diferentemente de mim, que nunca fui interessado nisso. E ele também adora qualquer coisa relacionada a computadores - e-mail, Youtube, Ebay. Ele cresceu como parte da geração conectada. Este é seu mundo.

Acredito que, para a geração dele, música é legal e divertido, mas não tem a mesma importância que teve para a minha geração ou para a geração que sucedeu a minha, a juventude dos anos 90.

Nós realmente víamos a música como a principal arena cultural, era o que nos explicava a nós mesmos e parecia se conectar a todas as outras áreas da cultura e política. Se você, como eu, era ligado em punk e pós-punk, então lia certo tipo de livros, via certo tipo de filmes, tinha interesse em teoria crítica e outras coisas do tipo. Acho que a música foi relegada a ser apenas uma pequena parte do horizonte cultural, e não a parte principal.

Kieran gosta de algumas músicas em particular - como algumas faixas do Black Eyed peãs, por exemplo - mas não acho que ele esteja disposto a explorar a música como parte de sua formação de identidade. Talvez isso aconteça quando ele for um adolescente e descobrir música que tenha relação com sexualidade, ansiedade e toda a confusão que vem com essa fase de transição na vida.

Música também é ligada a diferenças sociais e a ser descolado, é uma forma de socialização entre adolescentes, da mesma forma como Pokemon é hoje para Kieran. Então, acho que, com o passar do tempo, ele vai ter um interesse maior por música, quem sabe até pela música que o pai dele gosta.

Minha filha Tasmin tem 5 anos e ama música. Ela adora dançar, tem um bom senso rítmico e é capaz de passos incríveis, algo no meio do caminho entre o break e artes marciais. Ela tem artistas favoritos, como Pink, Justin Bieber, Ke$ha e Katy Perry. Basicamente, ela gosta de qualquer coisa que toque no rádio e que pareça uma versão pop do Techno e da house music que eu dançava nos anos 90. Ela curte melodia e ritmo, basicamente.

Você acha que a facilidade em baixar música tem, de certa maneira, desvalorizado a música?

Pessoas de tendência liberal ou de esquerda muitas vezes têm um reflexo anticapitalista de dizer: "Que bom que a música é de graça agora, que não está apenas enriquecendo corporações". Mas sou da opinião que a de-commodification não tem funcionado muito bem para a música.

Claramente, é um desastre para os artistas e para a indústria. Mas também para ouvintes e fãs. Veja bem: quando a música custava dinheiro e vinha numa forma sólida, em que, para consegui-la, você tinha de ir a uma loja, e isso envolvia tempo e dinheiro, as pessoas davam mais valor a ela.
A equação é simples: se você gastou dinheiro num bem cultural, seja um livro, revista, disco, etc., você vai gastar tempo tentando extrair o máximo dele. Se você gasta dinheiro com um CD, vai prestar atenção nele quando tocá-lo, e vai tocá-lo mais vezes. Se você obtém um CD de graça, na forma de downloads, você fica mais propenso a ouvir poucas vezes e de uma forma mais distraída. Você vai ouvir a música enquanto faz outras coisas no computador (chamam a isso de "síndrome de atenção parcial"), e você muitas vezes nem vai ouvir o disco todo.

Além disso, se você vive baixando muita música, como as pessoas tendem a fazer quando conseguem música de graça, é matematicamente mais provável que você ouça cada canção menos vezes. E muitos discos só começam a se revelar totalmente depois de repetidas audições.

Para responder à sua pergunta: sim, eu diria que a cultura digital se fundamenta na facilidade, e que a facilidade de acesso e o custo mínimo de aquisição têm levado a uma depreciação no valor da música e à degradação da experiência audiófila.

Mesmo os artistas novos que você elogia no livro - Ariel Pink, por exemplo - fizeram suas carreiras reinterpretando o passado. Você consegue enxergar algo realmente novo sendo feito hoje em dia?

Sim, vejo um número razoável de coisas que eu poderia descrever como relativamente novo ou vagamente inovador. Mas aquelas coisas que, de vez em quando, surgiam como "Uau! FUTURISTA!", essas sumiram, são cada vez mais raras.

Nos anos 90, havia vários gêneros ou movimentos que pareciam grandes ondas de inovação que se sustentaram por vários anos, ou por toda a década: gêneros como jungle, R&B, street rap ou dancehall.

Nos últimos dez anos, parece que os gêneros se tornaram quase estáticos, mas, de vez em quando, no meio de tanta coisa banal e mundana, você via o brilho de algo realmente novo. Em R&B, por exemplo, uma vez ou outra você via algo realmente extraordinário como "Umbrella", da Rihanna, ou "Single Ladies", da Beyoncé.

O dubstep me parece uma extensão dos anos 90, como um tipo de versão adulta e lenta de jungle. Mas produz algumas coisas excitantes: o EP homônimo do Zomby e partes de seu novo álbum, "Dedication", que saiu pelo selo 4AD, as faixas de Cooly G no selo Hyperdub, algumas coisas de James Blake e Ramadanman.

Na música eletrônica tem gente fazendo coisas interessantes: Ricardo Villalobos, Actress, Tobias... Nomes como Oneohtrix, Point Never e Laurel Halo se inspiram muito no passado - música analógica de sintetizadores dos anos 70 e 80, New Age, etc., mas é inegável que fizeram coisas novas.

Uma das áreas onde, acredito, coisas muito interessantes vêm aparecendo é a área de manipulação de vozes: texturização digital de vocais, aceleração e redução de vocais, micro-edição de "samples" de voz. Você pode ouvir isso em música eletrônica extrema e underground (Burial, James Blake) e também no gênero witch house (Salem, etc.), e até na música pop mais comercial (Black Eyed Peas, Ke$ha).

Isso é excitante, embora, se você pensar bem, pode ser rastreado aos anos 90 e a coisas com vocais sampleados que produtores de house e jungle fizeram. Sem esquecer de Cher e de sua faixa "Believe", em 1999, com vocal manipulado via Autotune!

Há algumas semanas, o Arctic Monkeys colocou na web seu novo álbum para os fãs ouvirem. Cada faixa tinha um contador, que permitia ver quantas vezes havia sido ouvida. Mais de 75% das pessoas que ouviram a primeira música não chegaram à última. Você acha que isso pode ser explicado mais pelo déficit de atenção do público, ou pelo fim do LP como um formato de lançamento viável?

Acho que se refere ao que escrevi sobre a depreciação no valor da música e os efeitos da cultura digital na capacidade de atenção do público. O problema de ouvir música via computador ou Iphone conectado à Internet é que o mesmo portal que está conectando você à música é também capaz de, simultaneamente, conectá-lo a milhões de outras coisas. Então, há uma tentação irresistível a clicar em outra coisa e fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo - checar e-mails, baixar mais música, etc. Então você raramente está imerso apenas na música.

Publicações na web são criadas para desestimular o leitor a terminar de ler qualquer artigo, porque elas têm uma série de links coloridos e que chamam a atenção. As publicações não querem que você termine o artigo, porque querem o maior número possível de cliques. Quanto mais você pular de uma parte a outra, melhor para eles.

Você acredita que a mesma visão que seu livro traz da música pode ser estendida ao cinema? Me parece que, desde o surgimento de Tarantino, Robert Rodriguez e outros diretores criados à base de filmes velhos em vídeo e TV a cabo, o cinema tem se tornado cada vez mais uma colcha de retalhos de outros filmes.

Não me parece tão crônico em cinema quanto em música. Você está certo sobre Tarantino, ele é o exemplo óbvio de um fenômeno que detalho em meu livro, que é o do "curador-criador". E se no rock existem as "bandas de colecionadores de discos", com músicos que trabalharam em lojas de discos (como Ariel Pink, por exemplo), o mesmo aconteceu com Tarantino, que foi balconista de uma locadora de filmes. Foi ali que ele criou todo seu conhecimento sobre filmes e sistematicamente dissecou a história do cinema. Então faz sentido que seus filmes sejam baseados em vários estilos e repletos de piadas e sacadas com filmes antigos. O mesmo ocorre com Jim Jarmusch.

Um fenômeno que pensei em explorar no livro foi o das refilmagens. Mas concluí que as razões não eram tão complexas quanto a retromania é para a música. No caso das refilmagens, acho que são 100% motivadas por dinheiro: o reconhecimento, por parte do público, de um filme antigo, pode garantir um certo número de espectadores para a refilmagem. Concluí que não havia muito o que investigar ali.

Tenho uma filha de três anos. Alguns dias atrás, montei minha velha vitrola e toquei alguns discos para ela. Foi fascinante perceber a reação de alguém que, nascida na era digital, teve, pela primeira vez, a chance de ver uma agulha tocando num pedaço de plástico e produzindo som. Você acha que esse aspecto tátil da música, tanto no ouvir música quanto na produção, está mudando a maneira como a música é percebida?

É claro que existe algo de muito estranho na música pop moderna, em que se simula a energia e o som de música tocada ao vivo, mas onde toda a integridade da performance foi desvirtuada pelo uso de elementos de copy/paste que permitem mover a música e torná-la "perfeita". Você consegue perceber, quase subliminarmente, que o que você está ouvindo não é real.
Não é de hoje que gravações de rock têm sido melhoradas por "overdubs" e erros têm sido consertados por edições e substituições, mas hoje vivemos a era em que os sons se tornaram apenas uma massa que pode ser processada ou mudada a gosto. De uma certa forma, é exatamente como eu imaginava a música com o pós-rock, mas, em outro nível, tem uma certa fraudulência no ar, já que simula o som de uma banda tocando ao vivo. Depois, quando você adiciona tratamentos como compressão e AutoTune, o resultado é algo realmente horrível de escutar.

Em gêneros como hip hop, R&B e dance music, isso não parece importar muito, já que são gêneros antinaturais, dependentes da tecnologia e onde não há sequer a intenção de simular "pessoas tocando juntas num estúdio".

Como autor e alguém que depende de seus livros e artigos para sobreviver, como você vê a troca de arquivos na Internet?

Bom, é ótimo poder achar aquele disco raro que eu sempre quis. Mas, de maneira geral, a troca de arquivos tem sido muito ruim para a minha apreciação de música. Para uma pessoa como eu, que cresceu numa época em que música custava dinheiro, ter música de graça na internet é como ganhar a chave da maior loja de discos do mundo. O problema é que nosso tempo não é infinito.

Eu adorei seu livro, mas tenho de confessor que me deixou triste, porque o futuro não parece muito promissor. Como a experiência de escrevê-lo te afetou?

Quando comecei, estava perplexo e ansioso pelo estado da música e, embora eu tenha encontrado muitas explicações no caminho, por meio de minha pesquisa e pensamentos sobre o assunto, terminei exatamente como comecei: perplexo e ansioso.

Concluí que há muita coisa legal para ouvir, mas que a maioria envolve, de certa forma, a reinterpretação do passado. Não tenho ouvido coisas que, na época, me pareceram tão novas e radicais quanto "Remain in Light", do Talking Heads, por exemplo, um disco que, especialmente no segundo lado, parece conter em cada canção uma nova direção para a música.

Tenho acompanhado o lado eletrônico-techno-rave da música, mas a primeira década do século 21 parece ter atingido um ponto em que as pessoas estão experimentando com formas já conhecidas ou criando híbridos ao combinar coisas diferentes da própria história da música eletrônica. Então, tem sido difícil encontrar, hoje, a mesma sensação de novidade absoluta e energia que senti quando ouvi jungle, ou gabba, ou Techno minimal nos anos 90.

Eu diria que o futuro não parece muito promissor, embora, muitas vezes, períodos de estagnação sejam prólogos para algum tipo de erupção cultural.

Estou cautelosamente otimista sobre a nova geração de músicos que só conheceram a Internet. No mínimo, estou curioso sobre o que vai acontecer daqui por diante. Me parece que vivemos uma época interessante. A velha maneira analógica de fazer as coisas - a forma como a cultura funcionava - entrou em colapso, mas acho que alguma coisa vai surgir dessas ruínas.

Aqui

LOUP - Um labirinto sobre Radiohead por Lady Newell & Friends


Lady Newell, curadora de um dos mais emblemáticos espaços radiohedianos na grande rede, o WASTE, acaba de lançar mais uma edição do seu livro, intitulado "LOUP", que narra as aventuras e desventuras de Lady e seus amigos ao tentarem traduzir as letras de Thom Yorke. Como diz a escritora em seu blog: Será um coletivo de artistas? uma loja de segredos? um conjunto de heterônimos virtuais?. A viagem concentra-se na fantástica "A Wolf at the Door" - última faixa do fundamental Hail To the Thief de 2003 - descrita como  "A canção de ninar macabra que prevê o espírito sinistro do nosso tempo"




"LOUP" ainda não tem tradução para o português (com previsão para breve), mas pode ser lido em espanhol. Vale a pena conferir mais essa literatura que sobrevoa as superfícies do vasto universo poético dos Radiohead.




Para mais informações: Aqui ou acesse: LOUP

Matéria - “escuta só – do clássico ao pop” por Alex Ross

 

Alex Ross é um dos mais respeitados críticos de música do mundo. Seus livros fazem um importante apanhado que vai do erudito à música alternativa, entrelaçando aspectos singulares entre ambas e artistas que determinam - para o crítico- uma renovada forma de entender novos “clássicos”.

Em “O Resto é Ruído” faz uma análise sobre a música do Radiohead, de debruçando quase que apaixonadamente por uma das grandes referencias da música contemporânea. Em recente visita ao Brasil, Alex Ross citou Radiohead como uma referencia para o futuro, em Entrevista:

Em visita ao Brasil para lançar seu segundo livro, Escuta Só: Do Clássico ao Pop (tradução de Pedro Maia Soares, Companhia das Letras, 425 páginas, 49,50 reais), uma coletânea de ensaios e artigos (antes lançou O Resto é Ruído, sobre a história da música erudita), Ross, que vive em Nova York, falou sobre o exercício da crítica musical, acusou o termo “clássico” de afugentar platéias por estar relacionado a coisas antigas e contou de sua surpreendente viagem a Salvador, na Bahia, onde assistiu ao carnaval, em 2004.

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O senhor escreveu que não gosta de música clássica por causa do termo, que afastaria o público ao remeter a coisas antigas e sisudas. Qual seria, então, uma maneira possível de renovar a plateia da música erudita?
Falar em “clássico” é um problema, pois sempre aplicamos a palavra à música do passado, quando na verdade há dezenas de milhares de compositores que, influenciados por essa sonoridade, estão criando canções e prorrogando a tradição erudita. A melhor maneira de renovar e ampliar o público da música clássica é enfatizar a contemporânea e apresentar a antiga de maneira menos mecânica. Há muita música pop com inspiração erudita. São essas conexões que devem ser ressaltadas.

Qual foi o seu maior desafio ao assumir a crítica de música do The New York Times e da revista New Yorker aos 24 e 28 anos, respectivamente?
É claro que eu não tinha muita experiência, por isso tive de trabalhar duro para preencher as lacunas do meu conhecimento. O verdadeiro desafio, no entanto, foi encontrar uma linguagem para a minha crítica que pudesse dialogar com vários públicos: o que conhece bem o clássico e o que não sabe quase nada sobre ele. Esses dois grupos leem a The New Yorker. Depois de alguns anos, aprendi a transitar pela linguagem mais especializada e também pela de acesso geral. Mas sentar para escrever ainda é um desafio constante.

O senhor teve contato com a música pop só na faculdade. Foi um pouco tarde demais, não?
É engraçado, eu sinto que descobri a música pop na hora certa. Foi como uma viagem de descoberta, em que eu fiz o meu caminho através da música do século XX: primeiro a erudita, depois a pop. Quando eu era jovem, estava tão absorto pela música clássica que eu não tinha tempo para ouvir outra coisa. A maioria dos meus amigos fez o trajeto oposto: só consumia música pop e apenas agora está descobrindo que gosta de música clássica. Eu diria que aos 40 anos você pode se sentir um pouco ridículo em um show da melhor banda da última semana, cercado por adolescentes. E, se por acaso você for ao show de 25 anos de sua banda preferida, vai se sentir velho ao perceber que o vocalista é um ex-magro, que os cabelos escuros do guitarrista estão cinza e que ele está um pouco acima do peso. Já num concerto de música clássica você será um dos mais jovens da sala. Eu sempre digo aos meus amigos: se quiser se sentir uma criança novamente, precisa ir mais a concertos (risos).

A internet deu às pessoas a possibilidade de se manifestar sobre discos, músicas e clipes. Há opiniões para todos os gostos sobre todos os lançamentos possíveis. Isso tornou mais difícil o exercício da crítica musical, o desafio de prender a atenção do leitor?
Acho que não. Fazer crítica não é apenas dar opinião, dizer “eu gosto disso”, “eu odeio aquilo”, dar quatro ou três estrelas para um disco. Eu acho que essa é a parte menos interessante do trabalho. Eu não acho que o leitor realmente se importe se eu gostei, digamos, da última composição de Osvaldo Golijov (compositor erudito argentino). Eles querem saber quem é essa pessoa, de onde ele vem, a que tradição pertence, em que condições ela desenvolve o seu trabalho. O contexto só pode ser fornecido em um artigo mais crítico ou em um post de um blog que se preste à reflexão.

O senhor veio ao Brasil em 2004, durante o carnaval. Como surgiu essa ideia e que impressões guarda da incursão?
Eu estava escrevendo um perfil de Björk (cantora islandesa) para a New Yorker e fui visitá-la na Islândia. Lá, ela disse que estava indo para carnaval em Salvador, porque seu companheiro Matthew Barney iria dirigir um documentário, e me convidou para ir junto. É claro que eu não poderia dizer não. Foi uma experiência realmente tremenda. Eu adorava ver o Ilê Aiyê, sentir aquela energia incrivelmente sofisticada e rítmica. A vida das ruas foi surpreendente, para além de qualquer coisa que eu tenha experimentado. E ainda encontrei “celebridades” como Caetano Veloso e Gilberto Gil no meio do povo. Espero voltar à Bahia em breve.

Se o senhor tivesse de escolher artistas de hoje usando como critério aqueles que serão lembrados no futuro para contar os dias em que vivemos, quais seriam eles?
Eu não sigo a música pop mais recente de perto o suficiente para ser capaz de cravar nomes, mas certamente eu escolheria Björk e Radiohead como referências para o futuro. No mundo clássico, acredito que em cem anos as pessoas estarão ouvindo compositores como John Adams, Thomas Ades, Kaija Saariaho e Georg Friedrich Haas, para citar alguns.

Recentemente o senhor levantou uma discussão interessante: a conexão, digamos assim, entre o riff da canção Seven Nation Army, da banda The White Stripes, e uma sinfonia do compositor austríaco Anton Bruckner. Nem todos percebem a semelhança. Seria um caso de plágio ou de homenagem?
Eu acho que Jack White (ex-líder da banda) já mencionou o seu gosto por Bruckner. Ele estudou música clássica na infância. Costumamos pensar em música clássica e música pop como coisas distintas, mas são tantas as ligações entre elas… Para falar a verdade, eu gostaria de ver mais artistas transitando entre esses gêneros. É sempre saudável enxergar o mundo pelos olhos do outro e a música dá essa possibilidade, já que é algo tão rico quanto a diversidade verbal.

Rodrigo Levino

 

 

O livro pode ser encontrado:

Companhia das letras

Amnesiac E-Book (ilustrações)

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Créditos: Re

(Fórum Radiohead Brasil)

Radiohead Songbook


Material com 70 páginas em PDF, com partituras de todos os discos até Ok Computer e algumas músicas de Kid A/Amnesiac.




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Radiohead - The Universal Sigh / King of Limbs [Newspaper]

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BEIJAR O CEU de Simon Reynolds

Capa: Thom Yorke

 

O inglês Simon Reynolds, aos 19 anos, editava um fanzine e estudava história na Universidade de Oxford. Dois anos depois, já escrevia para o semanário musical Melody Maker.

Aliando a prosa verborrágica de Lester Bangs à teoria crítica de filósofos como Gilles Deleuze e Félix Guattari, Reynolds é um dos escritores mais prolíficos de sua geração, ajudando a descobrir tendências e a articular gêneros musicais até então carentes de expressão literária, como a música eletrônica e a música pop negra.

Principal jornalista da última geração de ouro da imprensa musical inglesa, escrevendo para veículos como NY Times, Spin, The Guardian, Uncut, New Musical Express, The Wire, Reynolds também é autor de livros como The Sex Revolts - Gender, Rebellion and Rock'N'Roll e Rip It Up And Start Again, ambos com capítulos reproduzidos neste livro.

'Beijar o Céu' traz alguns dos principais momentos de sua carreira - a antológica entrevista com Morrissey, o ensaio definitivo sobre Joy Division e a cena de Manchester, a descoberta de Dizzee Rascal e da cena grime. E mais; o flerte entre Radiohead e o pós-rock, a rivalidade histórica entre Nirvana e Pearl Jam, a ligação entre o Pink Floyd e as raves contemporâneas, a explosão hip hop, de Public Enemy a Timbaland, Missy Elliott e Puff Daddy. Debaixo de um espectro tão amplo de estilos, Reynolds nos ajuda a compreender esse fragmentado mundo pop, produzindo uma das obras mais relevantes da crítica musical contemporânea.

 

livraria cultura

Artwork – Digital Booklet- InRainbows

 

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