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Radiohead Letras Comentadas - Analyse (Dr. Tchock)

Um sorriso sem dentes
Um choro sem lágrimas
Um perfume sem cheiro
Um carro sem rodas
Um corpo sem rosto
Uma alma sem vida
Você não vê sentido nas ofertas prontas e disponíveis do mundo. Você tem uma vida paralela à outras pessoas, seu universo está em outra dimensão, você está na orbita errada cujo a qual é alérgico. As piadas que fazem os outros rirem te entediam. A cobiça carnal que todos têm te faz ter nojo. As conversas interessantes são apenas bocas se mexendo para baixo e para cima; falam tanto mas você não consegue escutar uma palavra, pois não há palavras.

Você nunca soube o motivo de tudo ser estranho e incompreensível. Desde novo você sempre sentiu uma nostalgia por algo que nunca aconteceu. Contudo, as necessidades precisam ser preenchidas para ter uma razão e sentido aos atos à sua volta, por este motivo toda sua vida foi uma busca pela vida. Você se sente só. Não existe lógica, não existe roteiro, não existe.

Você age de várias formas para saber o significado da sua procura, porém não consegue o achar. Forçado a viver sem uma vida em um lugar onde tudo é perfeitinho. Você se sente só por causa disso tudo. Atua em cenas quase reais: trabalhando, comendo, festejando, sorrindo, chorando, dormindo, acordando, respirando. Uma bela representação de vida.

Thom Yorke - Analyse (The Eraser) / 2006

"A self-fulfilling prophecy of endless possibilty
You're born and raised across the street
In algebra, in algebra

The fences that you cannot climb
The sentences that do not rhyme
In all that you can ever change
The one you're looking for

It gets you down
It gets you down

There's no spark
No light in the dark

It gets you down
It gets you down
You travel far
What have you found
When there's no time
There's no time
To analyse
To think things through
To make sense

Like cows in the city, they never looked so pretty
By power carts and blackouts
Sleeping like babies

It gets you down
It gets you down
You're just playing a part
You're just playing a part

You're playing a part
Playing a part
When there's no time
There's no time
To Analyse
Analyse
Analyse"

- Esta matéria é uma interpretação pessoal.

Radiohead Letras Comentadas - Motion Picture Soundtrack

A música tem origem nos primórdios do Radiohead, composição feita provavelmente no período pré-Pablo Honey. Ao ver a letra literal e pela época da criação, logo vem o fantasma de Creep para nos dizer que essa música são palavras de um amor platônico e autodestrutivo. Mas há um detalhe, ela não foi lançada no Pablo Honey, atravessou o The Bends, e, até mesmo o OK Computer, com todo o seu âmago sobre o fluxo mundial, foi ignorado. Motion Pictures Soundtrack caiu de barriga em KID A, fechando o disco e mostrando como seria a cara do Amnesiac, álbum sucessor ao KID A.

Não gosto de fundir KID A e Amnesiac, vejo nestes álbuns distinções imensas de um para com o outro; todavia, Motion Pictures Soundtrack exibe na sua letra uma doidice com a atmosfera melancólica do Amnesiac.

"Uma noite chuvosa.
O chão gelado de um quarto.
A lua entre as nuvens."


Logo de início a sua estrutura literária nos traz o auto menosprezo de alguém que luta e finge estar perto do objeto de desejo, o qual faz meros truques a fim de sentir um aconchego emocional sobre estar com aquele/aquilo o qual cobiça. Mas são apenas truques, nada mais do que uma mentira.

"Red wine and sleeping pills,
Help me get back to your arms.
Cheap sex and sad films,
Help me get back where I belong."

O sujeito entra num conflito mental gerando duas consciências, uma¹ que com medo de sofrer vive numa
ilusão, e, outra² que o acusa de estar ficando estulto. Um diálogo de uma só pessoa que busca escapar do loop que virou sua vida, da cobiça desgraçada que o machuca vez após vez. Duas vozes numa pequena cabeça, mostrando diferentes maneiras de seguir em frente. Cabe a ele continuar escondido no poço escuro que se tornou sua vida ou fugir para a natureza, encarando a realidade

Aquela velha historia de quando sabemos que não devemos fazer algo, mas por causa da nossa carne e mentalidade fraca e tendenciosa acabamos fazendo-o, as velhas e continuas besteiras da vida. Na nossa cabeça sempre há um alarme que ecoa tentando nos alertar para não começarmos ou continuarmos uma ação mísera que vai contra aos princípios do nosso ser íntimo. Contudo, este diálogo interno é falho, por isso demoramos a notar o quão equivocados estamos/estávamos em muitas ocasiões. Isto talvez se dê por ainda sermos muito ineptos quanto às coisas do mundo e da vida.

"I think you're crazy, maybe...
I think you're crazy, maybe...
Stop sending letters.
Letters always get burned.
It's not like the movies,
They fed us on little white lies.
I think you're crazy, maybe...
I think you're crazy, maybe..."

Após passar por choques realísticos, o sujeito adota a segunda² consciência para si e começa a dizer adeus à antiga. Depois de uma mutação existencial ele enxerga o quão repugnante, asqueroso e nojento era seu cotidiano pessoal, social e entre outros aspectos de interajo humano.

Seus olhos são novos e ele necessita passar para uma próxima vida, para uma nova vida!

"Beautiful angels,
Pulled apart at birth.
Limbless and helpless,
I can't even recognize you.
I think you're crazy, maybe.
I will see you in the next life."

A versão da letra utilizada neste artigo é a primeira versão de Motion Pictures Soundtrack (demo). Ouça abaixo:

Motion Picture Soundtrack by Radiohead on Grooveshark

- Esta é uma interpretação pessoal.

Radiohead Letras Comentadas - Exit Music (FOR A FILM)

Exit Music (FOR A FILM)

"Um almoço de domingo
O som do violão em baixo de árvores
A pizza com catchup
Uma fuga de marketing
O rato vs o labirinto
Uma mãe dando banho no seu bebê numa banheira com água morna
O soneca do celular"

Exit Music para alguns admiradores do Radiohead lembra "Romeu e Julieta" (filme, versão 98'). Visto por uma forma mais literal da letra, seu significado pode ser um romance trágico. O clichê sobre um casal fugir para alcançar o amor e viver feliz para sempre, onde lutam contra muitas coisas para poderem ficar juntos. Mas sabemos que o Radiohead no OK Computer não captou apenas um sentimento romancista para as suas letras. O OK Computer é conhecido por caracterizar os hábitos mundiais. Aborda o conceito do viver por extenso. Os significados das rotinas pessoais, um questionamento dos sentidos humanos, entre outros temas relacionados à essência de todas as causas da vida.

A faixa #4 do OK Computer não foge desses paradigmas.


Sabe quando queremos que acabe um momento em que estamos desolados e desanimados com algum acontecido, quando tudo parece ser cansativo, tão tedioso que nossos olhos pesam para ficarem abertos? Pois bem, esse aperto ocorre várias vezes ao dia, durante a semana, mês e ano. Desejamos apenas acordar num lugar melhor - "wake, from your sleep / the drying of your tears". É um momento o qual queremos apenas levantar e seguir em frente, não para uma libertação mental e física, pelo menos não por enquanto, todavia para um libertação momentânea de afeto e tato - um sorriso apaixonante da nossa amada, o carinho confortante do nosso filho, para um cuidado atencioso da nossa mãe. 

O dia a dia desse mundo nos pisoteia; na segunda-feira estamos pensando no sábado e no sábado já estamos pensando que daqui a dois dias será segunda-feira, todo esse peso esmagando nossa mente, a qual nunca relaxa. Pensamos em feriado, descanso, férias - "quero sair daqui" "não quero fazer isso" "mas que raiva, tudo sobra para mim!" "não vejo a hora de chegar em casa!". A libertação mental e física talvez seja impossível no sistema atual, contudo podemos fugir por pequenos momentos e nos encontrar num paraíso, num lugar adjacente, um lugar nosso, um canto nosso, o lugar para onde sempre queremos fugir e sentir a nossa vida funcionar, estar num ritmo que podemos controlar, um mundo o qual possamos voar - "today we escape / we escape".

Entretanto, para chegar nesse momento de conforto não é fácil, temos de aguentar muitas injustiças, causas sem respostas e atos que são contra nossos princípios, fatos que batem de frente com a pessoa que somos por dentro, nosso ser real - não falo de moral, muito menos de ética - mas do nosso bom senso único, aquilo que diferencia eu de você, você do seu irmão e o seu irmão dos amigos dele. As nossas opiniões e gostos são míseros detalhes para o caos animalesco onde vivemos. Por isso temos que ser firmes, recorrer para alguma ajuda, seja de amigos, um mero filme, um livro, uma música ou até mesmo o nosso tão conhecido Deus.

“pack and get dressed. Before your father hears us, before all hell. Breaks loose. Breathe, keep breathing, i can't do this alone. And now we are one in everlasting peace”

Queremos estar aquecidos e bem acolhidos, estar protegidos por aquilo - seja o que ou quem for - que nos envolva para sentirmos que deste momento em diante, ainda que sejamos atingidos, teremos um apoio para nos agarrarmos e termos confiança que conseguiremos fugir, que teremos uma liberdade, uma paz, uma paz que por mais que seja um dia, uma hora, dez minutos, será uma paz eterna comparado ao momento caótico que temos durante a maior parte da nossa vida. Uma guerra pelo oxigênio.


Radiohead - Exit Music (For A Film) - 1997

Wake from your sleep
The drying of your tears
Today we escape
We escape

Pack and get dressed
Before your father hears us
Before all hell
Breaks loose

Breathe, keep breathing
Don't lose your nerve
Breathe, keep breathing
I can't do this alone

Sing us a song
A song to keep us warm
There's such a chill
Such a chill

And you can laugh
A spineless laugh
We hope your rules and wisdom choke you

And now we are one
In everlasting peace
We hope that you choke, that you choke
We hope that you choke, that you choke
We hope that you choke, that you choke

- Esta matéria é uma interpretação pessoal.

Radiohead Letras Comentadas - Pyramid Song

Talvez a letra mais letal do Radiohead.


Pyramid Song

"Uma venenosa flechada no peito.
A pequena lágrima de uma criança.
Um sussurro por socorro.
A procura do antídoto para o caos."

Ouvi de uma menina uma vez que a letra de Pyramid Song é o significado de alguém perturbado que tem visto somente a morte, o suicídio para uma libertação.
Outro rapaz mencionou sobre uma vida "zumbizada", onde o sujeito está vivo, mas vê ao seu redor nenhum ser vivente, nenhum sentido, como se fosse um morto-vivo - vivo para criar, fazer, poder; todavia, tudo não passa de meras atitudes falsas, fúteis, um soco para alcançar o vento.

A existência, a complexidade da vida e os seus “porquês”. O Radiohead nos traz essas implicâncias desde Pablo Honey, desde a época On A Friday, mas que ficou nítido na saída de The Bends para a entrada do OK Computer, mais precisamente em Street Spirit, onde o poeta começou a nos mostrar as suas mais submersas e angustiantes náuseas mentais, as letras metafóricas, ambíguas, paradoxais, cheias de parábolas e contradições.

No geral com quem conversei sobre Pyramid Song, me trouxeram uma perspectiva de morte, melancolia, perturbação e sofrimento, abstinência e libertação.

Seguindo a ideia de suicídio, ao analisarmos a descrição da obra o relato traz conceitos populares sobre o momento da morte:

“o filme de toda a nossa vida passa por um segundo quando estamos prestes a morrer”.
- all the figures i used to see

“vemos muitas coisas boas que passaram na nossa vida, mas ainda temos a esperança de ir para um lugar melhor onde encontraremos muitas coisas que gostamos”.
- all my lovers were there with me
- all my past and futures

“quando morremos vamos para o céu”.
- and we all went to heaven in a little row boat

Uma passagem fria e direta. Estudos da psicologia revelaram que os suicidas não têm de morrer. É aí que a linha de suicídio surge:
- there was nothing to fear and nothing to doubt

Quando descobri este lado de Pyramid Song, ao ouvi-la, me vem a imagem de alguém morrendo com satisfação. Uma satisfação pela morte. Não que Pyramid Song seja uma apologia à morte, mas sim que ela demonstra aspectos fortes sobre o tema.


E a questão sobre uma vida "zumbizada"(?) Vejo por este lado uma melancolia, na qual o sujeito faz seus deveres e vive seus prazeres, mas ainda assim falta algo para o completar, para a obtenção da satisfação do viver. A utopia – "faço muitas coisas, sei que tenho que fazer e estou fazendo! Sei que estou vivo, mas essa vida não me serve. Não é que eu não goste de viver, eu gosto! Mas sinto falta de algo, sinto falta de uma resposta. Corro atrás de tudo, mas algo a mais me persegue, algo que ainda não descobri e que não consigo alcançar. Eu quero viver! Por favor, preciso de vida! Na vida que preciso vejo todo o amor e a felicidade de que tanto falam. No momento estou num mundo cinza, preto e branco, não vejo cores. No dia de calor sinto frio, no dia de frio sinto calor, a noite é dia para mim. Meu sol está num eclipse por 24 horas. Estou perturbado, afundado numa ideia que me salvará, a ideia da verdadeira vida. Imagino um lugar onde viverei com todos os amores que uma vida pode oferecer. Não terei medo e nem dúvidas, um dia ainda viverei essa vida. Mas um dia saltarei para a verdade, e lá terei todas as respostas. Continuarei vivendo para um dia conseguir viver.".

Radiohead - Pyramid Song (2001)

"i jumped in the river and what did I see?
black-eyed angels swimming with me
a moon full of stars and astral cars
all the figures i used to see
all my lovers were there with me
all my past and futures
and we all went to heaven in a little row boat
there was nothing to fear and nothing to doubt

i jumped in the river
black-eyed angels swimming with me
a moon full of stars and astral cars
all the figures i used to see
all my lovers were there with me
all my past and futures
and we all went to heaven in a little row boat
there was nothing to fear and nothing to doubt
there was nothing to fear and nothing to doubt
there was nothing to fear and nothing to doubt
there was nothing to fear and nothing to doubt"


- Esta é uma interpretação pessoal.

Radiohead Letras Comentadas - "Staircase"

O previsível e o incontrolável. O amor versus a força. A formiga tentando sair de uma banheira molhada.


Staircase
Uma pequena historinha de ninar

Um homem havia encontrado para um sentido existencial, ele havia descoberto o significado e a sensação do prazer, da paz, da alegria, da felicidade. Porém, este  homem não podia ser liberto pelo motivo de estar aprisionado num limbo, sendo sugado por uma enorme e incontrolável força corrosiva. Involuntariamente o sujeito ficou numa existência estagnada, sem saída, mas não na ignorância, e sim no desespero.

Preso desde o seu nascimento, ele encontrou a chave para destrancar o cadeado da corrente que o prendia, e quando enxergou pela primeira vez uma pequena luz por baixo da fresta da porta, foi apunhalado pelas costas e caiu de peito no chão. O rumo a traçar estava definido, mesmo sem saber a razão deste rumo - “i walk down the staircase, magnetic pull back to the other place that i cannot go”.

Ao passo que sua vida foi conduzida para um beco sem saída, a sua liberdade tornou-se uma vontade, a vontade um desejo e o desejo uma ilusão, a enganação e a mutação de uma mente que encontrou como saída para uma vida livre, a criação de uma miragem num deserto (“i'm sending a chopper, to steal you away”). Fora da pura realidade, ele acreditava que obteve a paz e o poder do amar - pois no fundo do seu coração sabia que nunca conseguiria fugir do quarto frio e rústico que sempre viveu, ele nunca alcançaria a verdade na qual um dia a viu - (“out of orbit, and i always will”), num mundo cheio de segredos, em um lugar onde alguns tentavam conseguir controlar o seu próprio corpo e pensamento.  

“the pot is full,
let me take control
let me take control

the pot is full
of secrets to be told
secrets to be told"

Radiohead Letras Comentadas - “Go Slowly”

1984

 

Ao contrário das outras matérias desta Coluna, não vou descrever história, roteiro ou sentido na canção de hoje, irei apenas relatar em palavras o que eu senti ao ouvir Go Slowly numa madrugada qualquer num dia qualquer:

 

É muito repugnante esperar algo por um longo período e ver essa espera ser em vão. Por mais simples que seja a perda de tempo, é sempre uma droga!

 

O problema não se concentra apenas na paciência do esperar, mas sim naquele velho conhecido "e se" - 'e se eu tivesse feito isto ao invés disto?'. Trabalhar um longo tempo numa escolha feita por nós mesmos e obter como resultado algo falso, errado e prejudicial - ooh.. quão dolorido é o sofrimento do arrependimento e da traição. Ser traído por nós mesmos. Um paradoxo criado pela nossa mente de entrar no mesmo erro mais de uma vez. Quem nunca fez uma mesma aposta e no final atingiu o mesmo resultado anterior, o mesmo fracasso?!

 

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Somos massacrados pelo nosso intelecto por às vezes nos acharmos espertos e sempre pensarmos: “agora eu posso ver” a verdade; mas a nossa confiança e arrogância é tanta que ignoramos os fatos e apostamos. Tentativa e erro meu amigo? Creio que não! Apenas a falha de uma mente curiosa e esperançosa de que sempre quando queremos algo com certeza obteremos. A perplexidade de real valor dos nossos olhos nos ilude e nos destrói vez após vez, mas nunca conseguimos atingir o objetivo do porquê de corrermos tanto. Uma paixão platônica talvez? Ou o mito da caverna corroendo nossos neurônios para novas descobertas?

 

Sempre escalamos grandes cumes rochosos porque estamos à espera de uma promessa, poucas vezes conseguimos fincar a bandeira da vitória e ver esta promessa se tornar realidade, na maioria delas caímos desse grande cume, e ao acontecer isto, a queda é de uma altura que quando chegamos ao chão dificilmente conseguimos nos levantar. Contudo, por mais que fraturemos vários ossos, com certeza mais uma vez a nossa perplexidade de valor nos moverá adiante para escalarmos novamente este mesmo cume.

 

Então somos robôs programados? Objetos alienados à apenas um propósito? Não! Pois este é o sentido da vida, arriscar várias vezes nas mesmas coisas, nós somos seres insistentes e é isso que faz de nós seres diferentes, por este motivo criamos duas guerras mundiais, bombas nucleares, transmitimos doenças e causamos acidentes propositais; todavia, é por este mesmo motivo que encontramos curas de doenças, conquistamos nossas amadas, conseguimos emprego, criamos amizades, etc.

 

Estamos em constante mudança entre aflição e alegria, sempre esperando por uma dessas duas sensações, nelas podemos obter resultados horríveis ou gratificantes por colocarmos na nossa mente o que é de real valor para nós e, com isso, nossa insistência e paciência pela promessa de algo novo à nossa vista será concretizada em algum momento, e no final, fincaremos a bandeira no alto da montanha, ou, cairemos dela para entrar no mesmo ciclo vicioso e então “encontrar a saída”, a vida! O anseio.. A paciência.. O esperar..

 

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Com o Radiohead nossos cérebros borbulham e nossas faculdades mentais entram em colapso. As letras emitem vários pontos de vistas e transmitem diversas perspectivas de verdade sobre o sentido da obra. É complicado definir uma letra do Radiohead - talvez não seja possível. Mesmo descrevendo nesta matéria a letra de Go Slowly, provavelmente quando eu ouvir novamente esta canção, irá surgir em mim uma nova sensação e uma nova descoberta com um outro ponto de vista, talvez sobre amor, guerra, sexo, depressão ou esperança. Pois o que define uma letra do Radiohead? A melodia? As guitarras? A percussão? A voz de Yorke? O baixo de Colin? A letra nua e crua? Viajar e imaginar que são metáforas atrás de metáforas? Temos em mente o contexto dos álbuns - OK Computer, Pablo Honey, Hail To The Thief, etc; Mas e a canção em si? O que ela de fato remete na sua parte lírica?

 

Que um dia alguém consiga definir Climbing Up The Walls, Street Spirit, How To Disappear Completely, Knives Out, Where I End And You Begin, A Wolf At The Door, The Tourist, You and Whose Army, Videotape, Idioteque, Down Is The New Up, Fitter Happier, Codex! O “The Panic, The Vomit” de Paranoid Android e seus “Rain Down”; ou que os Radiohead possam nos revelar a sua obra em detalhes.

 

Ficarei esperando!

 

Over here
Come slowly
Come slowly to me
I've been waiting
Patient
Patiently
I didn't
But now I can see
That there's a way out
That there's a way out
That there's a way out
That there's a way out
That there's a way out

Radiohead Letras Comentadas – My Iron Lung

O momento é meados dos anos 90 e um reflexão surge das entranhas dos sentidos: pelo que estamos lutando?, se responder essa pergunta antes gerava a mais clara das respostas românticas e filosóficas, agora, o  tornou-se invisível, quase imperceptível, sua materialidade é tão imaterial, que as vezes achamos ser uma ilusão.

 

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My Iron Lung pode ser considerado um dos grandes hinos de Thom Yorke e isso reflete-se em como o poeta buscou nas vísceras da juventude alguma razão para sonharmos e lutarmos pelo que é nosso, o EU, esse é o ponto de partida da Letras Comentadas de hoje.

 

Faith, you're driving me away
You do it everyday
You don't mean it
But it hurts like hell

My brain says I'm receiving pain
A lack of oxygen
From my life support
My iron lung

 

O questionamento quase melancolico sobre a fé e o sentido de ela o abandonar todos os dias, é o começo do dia para alguém que parace não possuir forças para se manter de pé, a fase parece desestruturante e o caminho longinquo demais.

 

Na segunda metade a dor, o desespero contido não velado, a falta de oxigênio e a revelação, teria o poeta um pulmão de ferro?

 

Quando Thom afirma que somos muitos jovens para cair no sono – num dos grandes versos de The Bends – O jovem compositor lembra Renato Russo, Cazuza e outros grandes marginais oníricos. Se antes era dor, agora é ferida, degradação? fim do túnel das lamentações juvenis?, Rimbuad diria que sim e Thom chama o século vinte de puta e agradace.

 

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My Iron Lung mostra um autor raivoso, na beira de um colapso, esquizofrênico, pessimista por seu destino, arruinado em suas andanças nem um pouco serenas, Thom nessa canção remete ao homem que nasceu acreditando nas mais íntimas possibilidades do caminho, o homem que imaginou o mundo sob a ótica múltipla dos sentidos, sob as doutrinas mais irreais dos ventos –a liberdade-  e que depois percebeu. Seria no fim de tudo, apenas,  poesia?

 

Suck, suck your teenage thumb
Toilet trained and dumb
When the power runs out
We'll just hum

 

Ironias a parte, Thom em My Iron Lung canta na verdade como em um desabafo vindo do mais profundo desejo que todos encontrem seus destinos plenos, sem amarraras, lutaremos por ele, romperemos as paredes, escavaremos os mais obscuros escombros se for possível, ou apenas perderemos tempo aqui, vendo os segundos calvagarem nos levando ao pálido envelhecimento, tanto do corpo quanto da alma.

 

 

Faith, you're driving me away
You do it everyday
You don't mean it
But it hurts like hell

My brain says I'm receiving pain
A lack of oxygen
From my life support
My iron lung

We're too young to fall asleep
To cynical to speak
We are losing it
Can't you tell?

We scratch our eternal itch
A twentieth century bitch
And we are grateful for
Our iron lung

The head shrinkers
They want everything
My uncle Bill
My Belisha beacon
The head shrinkers
They want everything
My uncle Bill
My Belisha beacon

Suck, suck your teenage thumb
Toilet trained and dumb
When the power runs out
We'll just hum

This, this is our new song
Just like the last one
A total waste of time
My iron lung

The head shrinkers
They want everything
My uncle Bill
My Belisha beacon
The head shrinkers
They want everything
My uncle Bill
My Belisha beacon

And if you're frightened
You can be frightened
You can be, it's OK
And if you're frightened
You can be frightened
You can be, it's OK

The head shrinkers
They want everything
My uncle Bill
My Belisha beacon

 

 

Essa Coluna é uma interpretação absolutamente pessoal.

Radiohead Letras Comentadas - “Bones”

Ainda em comemoração aos dezoito anos do disco The Bends, a coluna Letras Comentadas reflete sobre “Bones”, quinta faixa do petardo de 1995.

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Bones

Álbum: The Bends (1995)

The Bends pode ser compreendido como um disco onde o poeta Thom Yorke mergulhou em profundas reflexões sobre si mesmo em busca de um significado que torna-se muito mais do que algo pessoal (base do disco Pablo Honey) mas sim algo universal em sua ânsia de sentido. Nessa busca, o poeta deseja sentir isso até os ossos, até às últimas consequência íntimas de uma jornada que quanto mais se avança mais torna-se desconhecida. Em “Bones” é Thom perguntando: Quando você irá sentir?” como se perguntasse “quando você irá começar a viver?”

A canção começa dramática, assim como Planet Telex que abre o trabalho, Bones chaga com uma carga cinzenta de fracassos e decepções, mas nas entrelinhas o sentimento de resistir ao abismo. Thom reage ao seu próprio desequilíbrio emocional, a sua falta de certezas mútuas por uma verdade impenetrável. A canção chega ao segundo estágio num estado de consumação, remédios e fragmentos pessoais arrastam-se pelo interior de um coração desacreditado, mas Bones não veio para te dizer algo meramente de um estado de espírito depressivo, para Thom, mesmo um dilacerado sentimento é cúmplice de uma alma ainda capaz de sentir, essa é a chave da canção: você consegue sentir, mesmo que uma tristeza, até os ossos? sentes os calafrios de uma febre existencialmente severa? ou se tornou tão frio ao ponto de não sentir nada?

I don't want to be crippled and cracked
Shoulders, wrists, knees and back
Ground to dust and ash
Crawling on all fours

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Now I can't climb the stairs
Pieces missing everywhere
Prozac painkillers

No terceiro movimento de Bones, Thom comete um dos seus mais belos versos da discografia do Radiohead. Tema recorrente em toda a obra, a criança em suma representa para Thom o recomeço, não a inocência poderiam dizer alguns, mas sim uma volta a um estágio cristalino, antes das corrupções mundanas, Thom é uma criança quando sonha algo que lhe parece a primeira vista impossível, racional demais, real demais. E mais uma vez ele pergunta: Quando você vai sentir isso nos ossos?
And I used to fly like Peter Pan
All the children flew
When I touched their hands

Bones, pode parece uma canção obscura em alguns momentos, mas na verdade o poeta está confrontando o ouvinte a uma resposta, não para o autor, mas para si mesmo, Thom quer saber se ainda consegues sentir profundamente algo, não fala de amor, não de relacionamentos, e sim, viver intensamente algo que acreditas, nem que seja em si mesmo e nos próprios sentimentos. 


Essa é uma interpretação absolutamente pessoal.

Radiohead Letras Comentadas - “We Suck Young Blood”

Se Renato Russo cantou com a sua Legião Urbana “Há tempo são os jovens que adoecem”, clássica canção do disco As Quatro Estações de 1989, Thom Yorke parece que por um elo metafísico com a letra de Renato, incorporou a doença juvenil do século 21, a letargia na juventude moderna.

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We Suck Young Blood

 

Hail To The Thief – um dos disco mais incompreendidos da banda e até mesmo pela própria banda, releva em We Suck Young Blood um desesperador processo de consumação de um retardamento, de uma fraqueza, gemido intrínseco, sussurros urbanos, um canto gélido num coração que julgava-se um vulcão de possibilidades verdejantes, uma revolucionária ruptura, o amor pela utopia, mas em nossa época; não passa de palmas que remetem ao fúnebre percurso pelos olhares cinzentos e mãos cansadas, preocupadas acima de tudo com sua própria sobrevivência, estão errado?. Na atual celebração de um consumismo robótico, a ausência espiritual e de equilíbrio, como alguém que sendo sugado o sangue, agoniza sem consciência de sua própria degradação, onde estaria o vigor juvenil que remeteria à resistência ao estado de coisas de um mundo pós-11 de Setembro?

Are you hungry?
are you sick?
are you begging for a break?

are you sweet?
are you fresh?
are you strung up by the wrists?

O piano de Thom aproxima-se de uma obscuridade febril, tensa e ao mesmo tempo branda em sua badalada ácida, mesmo que torturantemente esgotada, desgastante em sua andança, uma voz (Thom) afirma querer sangue jovem. Quem será o combustível que abastece a engrenagem consumista do mundo e por sua omissão apavorante ou simplesmente, por seu descaso ou pouco caso, ajuda a perpetua um processo alienador e social?. Alguns diriam, não é minha responsabilidade, nem nossa diriam outros.

we want the young blood

Há como reagir?. Sim, e o poeta tenta, por algum momento, acredita ser possível retirar as amarras, seu piano sobe pelas paredes dos muros gigantes de uma reaproximação consigo mesmo, para, despencar num chapante esgotamento almático inesgotável. Alguns diriam que na verdade “We Suck Young Blood” é só mais uma das confusas letras de Thom, mas, como Winston Smith, herói do livro de Orwell, Thom parece perdido numa ilha de esquecimentos múltiplos, metaforizando a juventude e nossa geração, Yorke está nos dizendo que somos tão vítimas quanto culpados, mas será que temos força para uma reviravolta?

won't let the creeping ivy
won't let the nervous bury me
our veins are thin
our rivers poisoned

we want the sweet meats
we want the young blood

 

 

Esta interpretação é absolutamente pessoal

Radiohead Letras Comentadas - I Am a Wicked Child




I Am a Wicked Child


A criança é um elemento recorrente em toda a discografia e consequentemente em toda a poética de Thom Yorke. Desde de Pablo Honey (1993), passando pelo Peter pan de Bones do disco The Bends (1995) ao "Deus salve nossas crianças" de Paranoid Android do disco Ok Computer de (1997), as crianças encantadas por um flautista mágico em The National Enthem do disco Kid A (2000), mas poucas vezes Thom foi tão sarcástico e áspero como em I Am A Wicked Child, B-side do disco Hail To The Thied de 2003, que aparece no single Go To Sleep lançado no Reino Unido. Se Thom teme pelo futuro de seus filhos em Sail To The Moon (terceira faixa de Hail To The Thief) e termina a obra de 2003 lutando contra lobos que querem levar suas crianças, aqui, na lúdica canção, ele revela-se consumido por sentimentos ruins. A criança perdeu-se e deu lugar a confessadamente alguém que até gostaria de ser uma pessoa boa mas lamenta jamais conseguir ser. 

I am the Devil's son
And I wish I could be good
I walk the crooked mile
Yeah I wish I could be good
I wish I could be good

Se o poeta em vários momentos da discografia, trabalhou com esse medo, com esse anseio de proteção das crianças, nem que seja a criança de todos nós, em  I Am A Wicked Child esse desesperador pesadelo de Thom é vivido de forma calmamente insana, Jonny comanda uma guitarra soberba, caminhando entre o jazz e o rock alternativo, num diálogo entre Stones e Beatles numa caminhada entre  becos de Oxford. A julgar pela temática de Hail To The Thief, a canção retrata um processo de desespiritualização cotidiano, o deboche metafísico, a ironia como mola dessa criança endiabrada que nos tornamos. A passividade de Thom é assustadora e entre o abismo irreparável entre nosso ser e quem somos de verdade, a distância pode não ter mais volta quando olharmos para trás. 

I Am a Wicked Child?

Mother Mary come for me
For I am a wicked child
I have sinned and I am so confused
For I am a wicked child
I am a wicked child

I am the Devil's son
And I wish I could be good
I walk the crooked mile
Yeah I wish I could be good
I wish I could be good

If I could have kept on the straight and narrow
If I could have kept on the straight and narrow
But God broke your heart
God broke your heart

Now I wake up in the night
He's tugging at my arms and legs
Like I was a marionette
Send baby Jesus
To radiate his lie
To radiate his lie




- Esta matéria é uma interpretação pessoal

Radiohead Letras Comentadas - "Worrywort"

 
 O arrependimento de algo que poderia ter sido bom.

"Worrywort"
 
Por menor que seja, uma escolha sempre quando errada nos afeta negativamente, e, então, surge um sentimento de arrependimento - talvez tivéssemos escolhido errado o nosso curso, emprego, namorado (a), bicicleta, chocolate, carro, roupa, refrigerante; e esta escolha tenha nos desanimado, pode haver vários motivos para isto.
 
Todavia, pior do que uma escolha errada é desperdiçar uma ótima oportunidade em nossa vida, pois no momento da escolha tivemos algum tipo de dúvida, medo, burrice, azar ou injustiça. Depois de um tempo, ver essa chance tendo ótimos resultados com enorme potencial de felicidade, alegria e prazer, ainda mais sabendo que não a obtivemos por algum impasse, nos deixa com uma consciência muito pesada.
 
"Just think of all the fun,
You could be having."
 
"Worrywort" nos traz a reflexão de:
 
“Eu poderia ter...”
“Eu poderia estar...”
“Eu poderia ser...”
“Eu poderia...”
 
Às vezes nós pensamos como poderia ser se nós tivéssemos escolhido estradas diferentes no passado. O que seríamos hoje? O que teríamos? Com quem estaríamos? São muitas dúvidas e questões levantadas.
 
"Take a look around,
There's candles on the cake,
On what might have been,
The road you should have took,
Mistakes mistaken"
 
Mas deixemos isto de lado e sigamos em frente - claro, dependendo qual foi a escolha, dói muito e fica para sempre uma cicatriz enorme na nossa vida.
 
Contudo, por que não nos darmos um descanso de vez em quando e aproveitar o momento e a vida que temos agora?
 
Todas as escolhas e os caminhos que pegamos nessa via de mão única nos fez chegar aqui, hoje e agora. Joguemos tudo para o alto e viremos as costas por um momento, pois nós merecemos um pouco de descanso!
 
 
Radiohead - Worrywort (2001)
 
You don't wanna talk to me,
You don't wanna say the words,
You try to get off the hook,
You try to get off the hook.
Sprawling on a pin,
Hanging off the hook,
Trying to get yourself away,
Trying to get yourself away.
 
There's no use dwelling on,
On what might have been,
Just think of all the fun,
You could be having.
 
We know the way you talk,
We know what you want,
We know what you want,
What you really wanted.
 
Take a look around,
There's candles on the cake,
On what might have been,
The road you should have took,
Mistakes mistaken
 
There's no use dwelling on,
No use dwelling on.
 
It's such a beautiful day,
It's such a beautiful day,
Find yourself a moment,
Go and get some rest.
 
It's such a beautiful day.
It's such a beautiful day.
Go up to the mic,
Go up to the mic,
Go and get some rest

- Esta matéria é uma interpretação pessoal

Radiohead Letras Comentadas - "Thinking About You"

Segundo Thom Yorke, a música é sobre masturbação. Todavia, vamos ver o lado poético e romântico da coisa. Pode-se notar uma angustia e um remorso sarcástico nesta letra.

 
"Thinking About You"

Caso a paixão tivesse três fases, o encantamento, a desilusão e o sofrimento; nesta canção a suposta paixão do personagem estaria na terceira fase. Isto fica nítido na segunda estrofe:
 
"Shit! I still love you, still see you in bed."
 
“Thinking About You” poderia ser intitulada "Creep II", na qual de modo simples, em "Creep" ele sonha e corre atrás da sua amada, mesmo se dizendo muito inferior a ela. Porém, em "Thinking About You", a sua amada não pode ser mais alcançada, ela realmente fugiu (She Run, Run, Ruuuuun.. Ruuuuuun..) e nele criou um remorso e uma auto-destruição ainda maior comparada com a de "Creep".
 
"And what do you care? When the other men are far, far better."
 
Em determinada parte da música o personagem se compara a outros, querendo provar que foi o que mais se esforçou em relação a sua pretendida! – É o clássico chicletão apaixonado e meloso que não agüenta ficar longe da menina. Mas claro, a belezura da menina prefere o popstar, sarado e bonitão do colégio.
 
As comparações mostram ser um remorso sarcástico de alguém com noção de que foi deixado para trás. Contudo, infelizmente ele não consegue esquecer a "bendita" pessoa, o que gera uma confusão desgraçada na mente, ocasionando a dúvida do tentar (querer) ou correr.
 
"Should I still love you, still see you in bed."
 
"Thinking About You" retrata a abstinência de uma droga que alegrou em poucos momentos, mas passado algum tempo trouxe consequências dolorosas, ou, de modo cru, é apenas alguns minutos de masturbação de um garoto.

Radiohead - Thinking About You (1993)
 
Been thinking about you, your records are here,
your eyes are on my wall, your teeth are over there.
But I'm still no-one, and you're now a star,
what do you care?
 
Been thinking about you, and there's no rest,
shit I still love you, still see you in bed.
But I'm playing with myself, and what do you care
when the other men are far, far better.
 
All the things you've got,
all the things you need,
who bought you cigarettes,
Who bribed the company to come and see you honey?
 
I've been thinking about you, so how can you sleep?
These people aren't your friends, they're paid to kiss your feet.
They don't know what I know and why should you care
when I'm not there.
 
Been thinking about you, and there's no rest,
should I still love you, still see you in bed.
But I'm playing with myself, what do you care,
when I'm not there.
 
All the things you've got,
she'll never need,
all the things you've got.
I've bled and I bleed to please you.
 
Been thinking about you.
 
- Esta é uma interpretação pessoal.

Radiohead Letras Comentadas - "Up On The Ladder"

"Up On The Ladder"



A música é da fase “Hail To The Thief”, e assim como a maioria das letras do Radiohead nesta época, há várias analogias e metáforas do dia a dia de uma vida pessoal comum relativo aos controles governamentais e a alienação. Lembrando que na época HTTT, o Radiohead fez praticamente um álbum demonstrando o mundo careta da época. “Up On The Ladder” caracteriza alguém que tem total controle do que está a sua volta, mas a qualquer momento pode errar grotescamente e perder tudo. De controversa, também pode destacar meramente alguém que está sendo controlado. A letra é um paradoxo de duas vidas, a do súdito e a do ministro.
 
Súdito
O mito da caverna mostrado diferentemente. Quem está no topo do mundo? Quem determina suas escolhas? Seu futuro? Seus amigos? Sua vida?! Seja como for, a qualquer momento tudo que você conquistou e conheceu pode ser definido como mentiras, caso um “indivíduo” que você nunca viu pessoalmente queira isto.
Vamos supor que você seja um hipnotizador de cobras. Pode a cobra te atacar? É muito provável que não. Mas caso isso aconteça, você pode sofrer danos agravantes. É uma grande tensão ocorrendo entre estes dois seres, um mínimo detalhe errado e tudo estará abalado. Seria bom para o hipnotizador continuar neste convívio instável?
 
Ministro
Agora vamos imaginar que a cobra seja ‘pessoas comuns’ e o hipnotizador seja ‘pessoas de ternos e faixas’. O que aconteceria com este hipnotizador caso a cobra saísse da hipnose? Ele não poderia ser surpreendido com um ataque e assim a cobra ter a sua liberdade? É aí que entra o paradoxo de “Up On The Ladder”, a música aborda tanto a vida de um pobre coitado quanto à vida de uma pessoa de alto patamar. A questão é: poderia haver algo bom e pacífico onde há um jogo de controle entre dois sujeitos?
 
"One minute snake charming
The next step i'm unlucky"
 
Outra analogia dos dias atuais exibida na parte lírica da canção é a de uma peça de teatro com fantoches. Caso sejam cortados os fios que controlam o boneco, o show poderia continuar com o mesmo? Obviamente que não, toda sua exibição e atenção do público seriam perdidas. O detalhe: o boneco pode até ser resistente, porém o que segura ele no palco são pessoas que o controlam ou que dão suporte.
 
"I'm a puppet
You can almost
See the strings"
 
Com um leve sarcasmo nesta estrofe, o poeta chama muito a nossa atenção mostrando que a qualquer momento os fios que controlam o boneco podem ser facilmente cortados. Seria melhor acabar o show ou deixar continuar? Caso o boneco fosse o ministro, você cortaria os fios? Caso o boneco fosse o súdito, queria você que os fios fossem cortados?
 
A música termina com uma frase de julgamente: "up on the ladder you're all the fucking same"
Quem seriam estes (you're)?
 
Tendo o paradoxo de "Up On The Ladder" como referência, evidencia-se que há dois tipos de acusações:
 
1 - De forma irônica e debochada julga que são todos tolos iguais.
2 - De forma revoltada julga que são todos canalhas iguais.
 
Qual julgador seria você?
 
- A fase Hail To The Thief é incrível por mostrar a pequena fresta de luz da caverna e os perigos e/ou conquistas que podem acontecer caso consigamos alcançá-la.

Radiohead - Up On The Ladder (2003)
 
I'm stuck in the tardis
Trapped in upper space
One minute snake charming
The next step i'm unlucky

All the right moves in
In the right places
Watch me dance
I'm a puppet
You can almost
See the strings 

Gimme an answer
Gimme a line
I've been climbing up this ladder
I've been wasting my time

Up on the ladder of our time to escape
Up on the ladder we wait for your mistake
Up on the ladder to call out the pain
Up on the ladder you're all the fucking same


- Esta matéria é uma interpretação pessoal.

Radiohead Letras Comentadas - “Bloom”

No debut da nova coluna do site Radiohead Brasil, a Radiohead Letras Comentadas, vamos falar um pouco sobre a canção de abertura do último disco da banda, o The King Of Limbs (2011).

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“Bloom”
 
Para alguns retrata o início de um percurso metafísico do poeta rumo às profundezas de um sonho, que ele acordou na manhã para viver. Igual quando acordamos dispostos a quebrar certos paradigmas, mudar velhos hábitos, dizer um bom dia ou superar obstáculos, até então, adiados. O emblemático: “So I lose and start over/ Don’t blow your mind with why/ “ reflete bem a postura do poeta em seguir em frente em sua ânsia pelo recomeço. 

O tema mar, água, oceano, está presente em vários momentos da discografia do Radiohead. E mais uma vez Thom Yorke volta a esse universo poético, para sugerir um mergulho (assim como em Weird Fishes do disco In Rainbows, 2007), Thom talvez acredite na metáfora do fundo do mar como forma de mergulhar no fundo de si mesmo, se redescobrir, se aprofundar em suas raízes íntimas e desencontradas, ou simplesmente, se afundar nas águas em busca de uma limpeza espiritual. /I dive into those eyes/ I dive into those eye/ Timid fish go by. 

Esse renascimento do EU, sob a construção delirante de flutuação, mergulho, profundezas, é sentido na estrutura melódica de “Bloom”. Lógico, a paz ainda está sendo procurada, precisa ser sentida, não é uma fuga - alguns acreditam que seja - parece mais uma busca lúcida por um melhor, inadiável. 

De qual florescimento o poeta está falando?.
Open your mouth wide
Universal sighs
And while the ocean blooms
It’s what keeps me alive
So I lose and start over
Don’t blow your mind with why
I’m moving out of orbit
Turning in sour salt
Turning in sour salt
I dive into those eyes
I dive into those eye
Timid fish go by