Radiohead Clássicos Escondidos (Pulk-Pull Revolving Doors)

IBKCz

Pulk-Pull Revolving Doors

Álbum: Amnesiac (2001)

Enveredar por entrelaçados caminhos, fugir pelos solavancos, fazer escolhas que são como portas irreais que te levam a doces ou amargos caminhos, para os chineses há um clico na existência humana que percorre de tempos em tempos um caminho, dentro desse cíclico existencial, podemos – se quisermos – abrir novas portas que poderão levar ao recomeço ou a perpetuação irreparável do destino. O eterno fluir, a eterna mutação das coisas – que é parte da engrenagem da natureza – obriga a isso.

Qual portas queres entrar nesse instante?

Desde quando abdicou o status de “O novo Beatles ou novo U2” e trancou-se em estúdio, saindo de lá com material para discos que redesenhariam toda a sua carreira e abriria uma fenda no caminho quase certo da consagração, o Radiohead propôs algo que para os desavisados parecia uma afronta, uma lisergia aleatória, mas que está ali, infiltrado no lado inconsciente do Ok Computer: O trabalho com a eletrônica já estava sendo desenhado – como disse Thom Yorke numa entrevista com Simon Reynold publicada no livro “Beijar o céu” já nos tempos de Pablo Honey (1993), onde ele já ouvia os sons da Warp (um dos mais importantes selos de música eletrônica do mundo), fora a influência absurdamente ignorada por parte da crítica e fãs do movimento de rock alemão, o Krautrock. Ali estão o âmago para a desconstrução da banda e sua ruptura com a tradição roqueira, nos entregando uma das suas mais absurdas músicas, Pulk-Pull Revolving Doors.

Se tudo parecia possível dentro o universo absolutamente vasto da banda, na terceira faixa do esquizofrênico Amnesiac, isso foi levado à quinta potência. Aqui o Radiohead desestrutura sua própria matéria e cria um campo sonoro que nos leva à intensos devaneios, o abrir e fechar de portas, possui em si a filosofia que sempre estamos optando por algo, desconhecido, pensado, num impulso caótico ou numa calma celestial, essa busca torna-se uma obsessão, confessada na voz cyborg que quase declama um poema enquanto toda a estrutura da música parece uma metamorfose contínua, cíclica, mutante e áspera, por alguns segundos lúdica, tudo parece fluir como um rio metálico por dentro das águas do tempo.

Em Pulk-Pull Revolving Doors, o Radiohead mostrou que já tinha ultrapassado seus próprios limites, se estavam no limiar de um percurso desconhecido, agora, estão além das fronteiras, como viajantes do espaço rumando à descobertas inimagináveis, porém, sonhadas como exaustão. Reinventando o espaço ou rompendo com as paredes de si mesmo, libertando-se para cair num colo da busca pelo sentido primordial, ponto chave de amnésico.

Qual porta abrirás para conhecer-te a ti mesmo mais digamos…Profundamente?.

Uma obra de arte. 

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