Radiohead – Clássicos Escondidos (Scatterbrain)
Scatterbrian
Álbum: Hail To The Thief (2003)
Existem alguns instantes da nossa existência que parece que tudo irá desmoronar, como se um vendaval vindo das forças mais desconhecidas da natureza – como dizem alguns – a vida as vezes tem seus próprios caminhos e nos surpreende. Hail To The Thief – um dos discos mais politizados dos anos 00, consegue, em meio a esquizofrenia politica que delimita as estrelinhas da poesia de Thom Yorke; produzir canções, na mais límpida expressão do termo…Canções. Scatterbrain é daquelas que parece que a trupe de Oxford gosta de deixar escondida, quase no fim dos álbuns, para fãs mais estudiosos ouvir e se deleitar e decifrar sua cristalina beleza aos poucos.
As marcas dessa canção se traduz nos dedilhados harmoniosos de Jonny e Ed e no vocal arrebatador de Yorke. O poeta parece entregue a própria sorte e rende-se ao destino e até imagina-se mergulhado nele, espalhado em meio ao próprio desdobramento de seus pensamentos mais sensíveis. Scatterbrain é fruto de uma das facetas mais gênias do Radiohead, sua delicadeza quase que feminina, irretocável em sua reluzente transcendência, é assim como Fake Plastic, é assim com No Surprises, e é assim como essa canção, que mesmo num caótico mundo de sombras; de um álbum cinzento, ainda consegue erguer peças raras de teor melódico profundo, raro em sua busca natural de não cair nos velhos chavões e sim esculpir com simples dedilhados e um vocal onírico - que abrem-se como feixes de luzes solares e entorpece nossos sentidos - afagos sônicos nas dimensões da sensibilidade.
Sem dúvida, Uma obra de arte.