Radiohead Clássicos Escondidos - Ripcord

Ripcord

Álbum: Pablo Honey (1993)

 

O reverso de um grande salto ou o desejo quase megalomaníaco do ser humano em voar é a queda. Nos deparamos com a realidade do chão em muitos momentos e só ao toca-lo é que parece que nos reencontramos (ou não) com as certezas. Essa tem sido uma das grandes poéticas do Thom Yorke na discografia do Radiohead e é com Ripcord que o poeta iniciou essa discussão quase que sutil em sua obra.

As guitarras estridentes do primeiro disco (Pablo Honey, 1993) situam o Radiohead ainda na fase inicial, grunge, suja, destoante com tudo que a banda fez até hoje, mas a qualidade da canção reside na viceralidade juvenil, a melodia ainda está lá, baseada na voz perturbada de Yorke. Ripcord é o mecanismo usado para abrir o pára-quedas e essa é a metáfora para a inevitabilidade da condição humana, o eterno cair existencial.

tumblr_m91f3yapH61qiwxugo1_500 Thom voltaria nesse tema várias vezes, vide “Bones” no disco The Bends ou “Lucky” no álbum Ok Computer ou “How To Disappear Completely” em Kid A. A canção também é uma das mais simples da discografia, construída com uma sólida base de três guitarras, baixo e bateria, ali, iniciando a segunda parte do Pablo Honey. Com direito a solo de guitarra – um dos primeiros de Jonny na discografia – canção para incendiar o palco, mas sobretudo para mostrar que Thom já começava a trabalhar temas que viriam a ser centrais em toda a sua poesia. O clima rockeiro esconde uma discussão em torno do materialismo, a rotina cotidiana, o dinheiro, o poder, nada disso muda a eterna condição humana em cair- mesmo que seja – em si mesmo e se perguntar, valeu a pena tudo? não importa onde você esteja, no final das contas estarás no mesmo lugar que todos, caindo, isso num pessimismo quase ingênuo porém ácido e sarcástico de Thom Yorke. 

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