Radiohead Clássicos Escondidos – Black Star

trueotterwaits

Black Star

Álbum: The Bends (1995)

 

Onde estaria a infalível beleza de uma canção?

Na melodia diriam alguns, nos vocais clamam outros, no conjunto diriam os mais exigentes?. A verdade é que não existe uma fórmula precisa capaz de fazer uma canção ser reconhecidamente bela, mas um pouco de múltiplos elementos, devidamente combinados e baseados num contexto de cada um, rendem por vezes um clássico, mesmo que escondido no meio de tantos outras milhares de canções pelo mundo.

“Black Star” , uma das últimas faixas do obrigatório The Bends (segundo disco da banda) é daquelas pérolas que as vezes parece realmente esquecida, mas quando executada, fica uma perturbadora dúvida: como podemos deixar de ouvi-la mesmo que por algum tempo? o vocal sublimado de Yorke trafega entre a melancolia de um fim de noite solitária e certezas cotidianas inquebráveis. De quem é a culpa pelas dores do mundo? pela tristeza? pela saudade? pela carência? o poeta culpa a todos, o vento que desliza pelos vidros do quarto, a luz ou a ausência dela, a lua que reflete uma beleza perdida dentro de si mesmo, ali, escancarada.

The Bends, é acima de tudo, é um atestado íntimo de poética urbana, visceral por vezes, caótica a principio, esquizofrenicamente calma no seu disfarce tempestuoso em si mesmo. A canção exala esse conflito entre uma paz buscada e um abismo de sensações sentidas, porém, absurdamente incompreensíveis, intimamente desconhecida. No final, é tudo culpa da estrela negra, no mar, das folhas caindo nas calçadas, das pessoas passando, é tudo culpa do próprio existir.

Para uma banda que viria a experimentar discos depois, rupturas e ambientes psicodélicos em profusão, com Black Star, o Radiohead mostrava que quando se permitia, cometia “apenas” canções – na mais exata noção de pura simplicidade do termo – a simplicidade radiohediana – para nos entregar melodias arrebatadoras, dessas que ficam impregnadas de beleza – e no caso de Thom Yorke & Cia – de verdades, que só os poetas gostam de declamar.

A última execução de Black Star ao vivo foi em 2006, em Berkeley, EUA

Comentários
0 Comentários

0 comentários:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...