Radiohead Clássicos Escondidos – I Will (No Man's Land)
I Will
Álbum: Hail To The Thief (2003)
Little babies' eyes, eyes, eyes, eyes
Little babies' eyes, eyes, eyes, eyes
Little babies' eyes, eyes, eyes, eyes
Little babies' eyes, eyes, eyes, eyes
A criança sempre esteve presente em toda a discografia e consequentemente em toda a poesia de Thom Yorke. Passando pela capa do primeiro disco Pablo Honey, à crianças voando o lado do Thom “Peter Pan” em “Bones” do disco “The Bends”, passando pelos sons de ninar em No Surprises ou o desesperador pedido de salvamento das crianças em “Paranoid Android” em Ok Computer ou a “Criança A” (primeiro clone humano segundo a poesia de Thom Yorke") do disco Kid A de 2000. Em vários momentos Thom metaforiza sobre a esperança (por vezes lúdica por vezes desanimadora) em volto da imagem que em sua poesia se traduz em renascimento e raízes existenciais . E Isso também acontece com Hai To The Thief (o disco mais profundamente político da discografia).
Se com “Sail To The Moon” – Terceira faixa de Hail To The Thief - Thom Yorke já temia um futuro cinzento na terra e consequentemente para seus filhos com “I Will” - décima faixa da obra- , ele declama uma pequena poesia cantada em tom menor, básica como as coisas simples, o poeta não só teme, como afirma que não deixará que nada aconteça com seus filhos, promete ressurgir, através dos olhos de um bebê. Esse ressurgimento na poética de Thom, pode ser visto como um renascimento metafísico, espiritual, um desejo no limiar da utopia que da alma nasça pessoas e sentidos melhores. A canção reflete esse período onde paisagens cinzas sobrevoam um mundo desbotado, de cores confusamente arranhadas, onde a magia deu lugar a desesperança, onde ser “criança” reflete o pessimismo crônico no próprio ser humano. Uma das discussões centrais do disco.
“I Will” é sobretudo Thom Yorke. A canção ganhou uma versão reversa no disco anterior Amnesiac, a insana Like Spinning Plates e teve uma lendária e mágica performance só com Thom na guitarra no La Resevoir em 2003. Confirmando ser uma das canções mais delicadas em toda a poesia do Radiohead. No final de tudo, da nossa infância perdida ou no instante desiludido em que vivemos em relação a nosso futuro e ao futuro do mundo, só através de nossos olhos é que ainda pode ser encontrada a criança perdida ou que perdeu-se nas múltiplas realidades cotidianas de cada um.