The King Of Limbs - 2 Anos - Da Separação ao Florecimento



Menos impactante que Kid A, menos politizado que Hail To The Thief, mais curto que qualquer outro disco da banda, menos ácido que Amnesiac menos revolucionário que In Rainbows ou Ok Computer, tão delicado quanto qualquer disco lançado pelos ingleses. Com dois anos na estrada dos ouvidos sensíveis, atentos ou desatentos de cada fã, o oitavo disco do Radiohead foi sem dúvida um dos mais controversos no quesito dividir ouvintes entre adoradores e detratores.  Lançado em 18 de Fevereiro de 2011, só ano passado a banda se sentiu segura para submeter o disco aos sentidos apurados de cada fã, em concertos que marcaram pelo evolução de cada canção do trabalho e foi considerado a tour de algumas das melhores performances da história do Radiohead. 

Há de se ressaltar a qualidade da produção de Nigel Godrich em mesclar elementos - gravados de forma independente por cada membro -e junta-los num disco que não deixa-se penetrar facilmente. O tempo curto também contribui para a pouca apuração do projeto. Outro detalhe a ser levado em consideração é a não entrega da banda ao facilitismo melódico, aos chavões das bandas já consagradas, a preguiça literária e lugares comuns do rock. The King Of Limbs desafia o ouvido ao mergulho em metáforas sobre árvores, oceanos, superstições, o cotidiano voraz em sua jornada, o delírio, o renascimento à dança. Os vocais de Thom Yorke continuam sublimes e mágicos em sua poética, guitarras nada obvias dialogam com arranjos orquestrais sutis, Phil move-se em longos percussões, Jonny acompanha Thom num passeio entre fantasmas, a banda perde-se, encontra-se, para cometer em Separator, uma das suas melhores canções em toda a discografia. Há arte em The King Of limbs, para quem aprecia um disco como arte e não como um produto numa prateleira ou baixado como um clique aleatório e despretensioso.



Apesar da qualidade inegável da obra, The King Of Limbs dificilmente será visto como o melhor trabalho da trupe, quem acompanha as intensas mudanças e variantes do quinteto, acredita que é um disco experimental de transição. O experimental está mais no campo pessoal, em como a banda encontra-se nesse momento. Historicamente o Radiohead sempre trabalhou um disco que vai de encontra ao anterior, não necessariamente em sua sonoridade (mesmo que a influência ocorra inevitavelmente) mas de encontro ao método, a forma, a maneira que a banda se submeteu ao cria-lo e como pretende agora criar. Em entrevista Ed confessou que de um disco para outro, poucas canções se aproveitam, tudo começa o zero. 



The King If Limbs é um grande disco pela qualidade musical e pelas poesias escritas por Thom Yorke, só por esses dois aspectos, a banda já garante um ótimo trabalho, porém, o Radiohead nos acostumou à discos épicos, centrais em sua geração, divisor de águas e obras fundamentais do seu tempo, falta ao oitavo disco esse teor clássico atemporal, mas sobram lindas canções. É um disco de sobre fôlego, sobrevida, de um desejo mais artístico, mais voltado para saber para onde vão e onde estão. 

Em sua ideia raiz que está muito além do falar dos velhos chavões de relacionamentos, de amores, de traições, quem acompanha as letras de Yorke, garante que entre florescimentos, Flores de lótus, feras, fantasmas e sonhos acordados, Thom está dialogando com nosso mundo mais uma vez, de uma forma muito pessoal, íntima, atual em sua essência, é um disco sobre árvores? 


é um disco sobre a natureza humana. 
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