Para ouvir lendo (ou apenas ouvir): A Reminder

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“Só uma arte irritada, indecente, violenta, grosseira pode nos mostrar a outra face do mundo, aquela que nunca vemos ou nunca queremos ver”

 

- Trilogia suja de Havana, Pedro Juan Gutiérrez

 

 

Por: João Henrique Balbinot

 

Eu escrevo por diversos motivos. E não me canso de achar razões para continuar escrevendo. Ainda bem. Mas meus propósitos sempre orbitam em torno de uma preocupação política. Acho que de superficialidades e aparências estamos cheios. Ou seja, minha ânsia em escrever não difere muito do ímpeto que move as composições – melodia e letra – de Thom em conjunto dos demais meninos. Como eles, também entendo que uma obra só se encerra (ainda que avance) quando chega ao entendimento do outro lado: o expectador, ouvinte ou leitor, que se afeta e faz algo a partir disso. Mesmo que tudo soe como uma grande incompreensão, o estranhamento, ainda que em lampejos, existe.

 

Por conta de tudo isso, escrevi um livro. E estou me fazendo com ele desde então. Isso me trouxe uma série de acontecimentos que não estavam previstos. Escrever essa coluna é só um pequeno e bom exemplo disso. Eu poderia me deter dizendo o que fez eu escrever contos a partir das músicas do Radiohead. Ou falar um pouco sobre como foi o processo criativo calcado em uma livre interpretação de poesias substanciais. Mas não tenho por hábito me prender nas coisas que já foram, até porque, mesmo com um ponto final, não é pelo autor que as frases terminam de ser ditas/escritas.

 

Algumas pessoas fazem poesia com o corpo, outros fazem poesias em paredes. Eu faço poesia em prosa (às vezes tão truncada que mais parece verso). O que escreverei e escrevo aqui, será basicamente isso. Principalmente de minha autoria, mas, vezes em quando, encontro palavras alheias que conseguem dizer melhor o que eu me bato em escrever (e elas também serão bem-vindas!).

 

Ademais, toda vírgula que surge é necessariamente um movimento político: não há escrita capaz de ser descompromissada. Ovos enegrecidos que se apunhalam e, se apodrecendo, formam um novo arco-íris. Matéria orgânica fétida: um novo sopro de vida. Como quem trabalha a terra com cascas de frutas e estrume. Odores nauseabundos. Náusea e ânsia: liberdade.

 

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João Henrique Balbinot, paranaense de interior, gosta de viver rodeado de músicas, palavras e pessoas.  Quase sempre. Autor do livro “No arco-íris do esquecimento” (Ed. Multifoco), atualmente trabalha em seu segundo, terceiro e/ou quarto livro, depende do qual rolar primeiro.

 

Matéria que ainda há pouco saiu por aqui e pode trazer informações úteis para os interessados de bom coração: http://www.radioheadbrasil.com/2013/04/no-arco-iris-do-esquecimento-por-joao.html

 

Livro: http://www.editoramultifoco.com.br/literatura-loja-detalhe.php?idLivro=966&idProduto=995

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